22.12.06

Teste: você entende de arte?

Teste: você entende de arte?

1 - Quem pintou o quadro Guernica, que retrata os horrores da Guerra Civil Espanhola?

a) Velásquez
b) Murillo
c) Picasso

2 - Quais bandas de Brasília surgiram do grupo Aborto Elétrico?

a) Paralamas do Sucesso e Legião Urbana
b) Legião Urbana e Capital Inicial
c) Paralamas do Sucesso e Capital Inicial

3 – Quem escreveu Capitães de Areia?

a) Marcelo Rubens Paiva
b) Euclides da Cunha
c) Jorge Amado

4 – De qual filme é a frase: “Francamente, minha querida, estou pouco me lixando”.

a) E o vento levou...
b) Ases Indomáveis
c) O pagador de promessas

5 – Quem foi o criador do estilo chamado Free Jazz?

a) John Coltrane
b) Ornette Coleman
c) Miles Davis

6 – Qual o nome da famosa série de livros de Julio Verne?

a) Volta ao Mundo em 80 dias
b) Viagens Extraordinárias
c) Alice no país das maravilhas

7 – Quem foi “o poeta dos escravos”?

a) Castro Alves
b) Casemiro de Abreu
c) Vinícius de Moraes

8 – Qual o nome do criador da história do Pinocchio?

a) Carlo Collodi
b) Henri Bergman
c) Irmãos Grimm

9 – Quem dirigiu Deus e o Diabo na Terra do Sol?

a) Augusto Boal
b) Arnaldo Jabor
c) Glauber Rocha

10 – Qual o autor do quadro O Grito?

a) Edvard Munch
b) Van Gogh
c) Pablo Picasso

clique aqui para ver o gabarito

16.12.06

Petit Música - Musiquinhas de natal

Musiquinhas de natal
por Luciano Piccazio Ornelas

Chegou o natal, época dos comerciantes faturarem e de muitos tirarem férias. Época dos discursos inflamados sobre espíritos natalinos, do décimo terceiro, décimo quarto, décimo quinto...

Para a música, é sempre um bom período. As festas pipocam para todos os lados, o tal espírito natalino floresce nos bolsos dos homens de negócios que, para impressionar, liberam a verba.

Floresce também, nas mãos compositoras dos músicos, músicas natalinas. E é exatamente aí que mora o perigo.

Quem agüenta ouvir Jingle Bells? Ou então "Happy Xmas", do John Lennon? São músicas que ficam armazenadas num potinho enferrujado no porão de uma casa velha, e que são tiradas todo o natal, invariavelmente.

Não sei quanto a vocês, mas essas músicas me deixam num mal humor danado, bem longe do tão almejado "espírito natalino". A pior coisa do natal é ouvir aquela versão da música do John Lennon em português. É para se jogar da ponte.

Aí os artistas se reúnem. Vestem-se todos de branco, seja natal, seja ano novo. Falam de paz, amor e esperança como se fossem palavras mágicas, que por si só resolverão o problema do mundo. É particularmente risível: "Desejo a todos paz, amor e esperança e um beijo bem quentinho no coração". Ok, então. Mas... o que você está fazendo para isso?

Não, cantar na Globo não é um bom jeito de atingir a paz mundial.

Realmente o natal traz coisas boas. O tal espírito natalino, por exemplo. Não é ótimo ver as pessoas se ajudando sem esperar receber nada em troca, mas simplesmente sendo movidas por um sentimento maior? Mesmo que só por alguns dias, é ótimo. Agora entram aquelas musiquinhas horríveis e o que acontece??? A pasteurização do natal!!!!! É paz e esperança pra cá, paz e esperança pra lá! E ninguém até agora parou para pensar seriamente nestas palavras. To começando a ficar enjoado delas.

Então uma dica, neste natal dê cds de música instrumental, qualquer que seja. Pra turma parar de se pasteurizar com o cd do Michael Jackson cantando um mundo mais bonito (uóóóó). Uma boa dica é Bolling Suíte For Flute, ou qualquer um do Jeff Beck. Só farei um pedido: peloamordeDeus, quebrem os cds de musiquinhas de natal!!!!

Luciano Piccazio Ornelas

Rave Cultural - Casa das Rosas - 9 e 10/12/06

Podia ter sempre

Imaginar uma rave cultural por si só já é um evento. Estimula a curiosidade de qualquer ser minimamente ligado em música, ou poesia, ou pintura, ou cinema, ou teatro, ou todos juntos.

A Casa das Rosas, um antigo e maravilhoso casarão da Paulista, agora cultural, com o nome de Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura anunciava a rave para comemorar dois anos de funcionamento. A festa, marcada para começar no sábado, dia 9 de dezembro, às 18 horas, só terminaria no domingo às 7 da manhã com a promessa de intensa programação.

Cheguei na Casa das Rosas lá pelas oito da noite de sábado, quando os músicos do Musiclube apresentavam-se no hall da casa, em um palco improvisado embaixo da escadaria de mármore, em frente as fileiras de cadeiras leves que acomodavam parte do público. Mas a platéia não esquentava muito o lugar, as pessoas dançavam, transitavam pelos corredores e salas, encontravam amigos e curtiam a música nos jardins. Todo aquele passear certamente era parte do cenário.

Logo na entrada, a programação era distribuída e anunciava que eu havia perdido a apresentação das 18, Desconcertos, quando proseadores dirigidos por Claudinei Vieira, abriram os trabalhos da noite. O Grupo de Criação Poética veio em seguida.

Mas, agora, eu assistia ao professor de História da Música Brasileira, André Domingues, apresentar seus convidados. Ao microfone, André anunciou Betinho Sodré e Ito Moreno: “Olha, eles são bons. Vocês vão gostar!”

Na verdade, eles eram ótimos. Incendiaram a pequena platéia das cadeiras leves e todo mundo lá fora. Violão e pandeiro, simples, bom, vibrante. A primeira música, Circuladô de Fulo poema de Haroldo de Campos, musicado por Caetano. Na seqüência, Geléia Geral do Gil e Torquato Neto esquentou ainda mais a apresentação. Em seguida, vieram três composições do Ito Moreno, uma delas Maracatu, Samba e Baião ..."Bate o pandeiro, quero ver o coro no calo. Quero ver o povo no embalo, um bate-coxa sem parar. O rola-embola da cantiga fez história! Misturo rola com bola, quero ver a língua embolar”. A apresentação passou rapidinha. Tinha ainda muita gente para tocar. Conseguimos um bis.

Terminado o show, sai. Fui fazer parte do cenário.

Subi as escadarias e no andar de cima, em uma sala próxima ao imenso banheiro, havia um papel impresso pregado na porta fechada. Ele anunciava os filmes da noite e da madrugada: O livro de Cabeceira Peter Grenway (20h), Laranja Mecânica, Stanley Kubrick (22h), O Sétimo Selo, Ingmar Bergman (00h), Crepúsculo dos Deuses, Billi Wilder (02h), Zelig, Woody Allen (04h).

Das varandas de cima, podia-se ver um certo tumulto no “quintal”, perto da edícula, local onde antigamente ficavam os empregados do casarão. Era a moçada a espera das apresentações teatrais dirigidas por Paula Chagas. A nova sessão teria inicio dali meia-hora, à meia noite.

Daí pra frente a programação seguiria com sarau aberto, forró, poesia Maloquerista, dança, tecnobeat, blacmusic, Dub Music, declamação...e para fechar, às sete de domingo, café da manhã.

Fui pra casa cedo, a uma da madrugada de sábado, mas tive a certeza de que quem ficou se divertiu muito. Fui pensando que aquilo tudo podia ter sempre.

Nota 10
Custo zero
Fui e voltei a pé


por Claudia Piccazio

8.12.06

Tom Zé (pocket show) – Fnac Pinheiros – 07/12/2006

Atingindo o alvo

Respeitado no Brasil e premiado mundo afora, Tom Zé é uma figura única no cenário musical. Sempre quebrando barreiras e impondo sua coragem e genialidade, não pode ser comparado com ninguém e nem rotulado. Uma garoa fina e irritante caia sobre São Paulo durante meu caminho até a Fnac Pinheiros. Porém, nem isso me desanimava, afinal a promessa era de um show inteligente, animado e divertido, assim como é aquela figura exótica e cativante que estaria lá para lançar seu cd “Disc-êh-sá”

Agora nomeado “Tão Zé”, entra no pequeno palco do Fórum da loja, vestindo trajes, no mínimo, curiosos. Tratam-se de uma mesa DJ simulada e algumas almofadas pretas ao redor. Ele desfila perto de nós, visando quebrar o gelo inicial e apresentar toda aquela parafernália em seu corpo. Então, acompanhado de um Dj com uma mesa grande e real para mixar os sons e fazer backing-vocals, a primeira música inicia. “Acum-Mahá” é o nome dela e este é exatamente o som proclamado pelos dois músicos em grande parte do tempo. Efeitos são misturados e acelerados, o que possibilita a estranha dança de Tom Zé, até que há uma quebra brusca no ritmo. Após o momento de calmaria, a parte anterior volta e encerra a canção. Sem letras geniais, apenas muito ritmo e efeitos. A coragem de Tom Zé em fazer mudanças e se reinventar estava clara mais uma vez.

No auge de seus 70 anos, o músico irreverente aparentava uma juventude nítida: dançava saltitante e tinha uma alegria nos olhos como se aquele fosse seu primeiro show na carreira. Seguiram-se explicações e piadas diversas. O porquê da ausência de palavras em todo o disco também se torna claro: toda a idéia do álbum surgiu com uma pesquisa feita entre os jovens e divulgada na Mtv. Tal levantamento indicava um grande desinteresse dos jovens por músicas longas e um egoísmo acima do normal. Pensando nisso ele trabalhou um conceito de fases e conflitos diversos, sempre tocando em outra idéia que lhe aflita: as suas origens africanas e mitológicas. Como afirmou: “A juventude é o meu alvo”


Após muito tempo de explicações, quase 10 minutos, o que interferiu ligeiramente no cansaço do público, ele voltou à mesma música para que agora pudéssemos entendê-la melhor. Houve mais declarações a respeito do mesmo assunto anterior e veio a música “Atchim”, em que Tom Zé pediu a participação do público em palmas e gritos. Foi neste momento então que todos mostraram o envolvimento e aprovação das novas idéias presentes nitidamente em todo o CD. A participação do DJ que colaborava com ele era essencial, com intervenções variadas e geniais. Após mímicas, gritos e muitas palmas, Tom pegou seu violão e voltou às letras: duas canções antigas foram tocadas em meio a mais algumas piadas para saudar antigos fãs que sorriam e cantavam eufóricos. Uma hora tinha passado levemente e a sessão de autógrafos, abraços e fotos começou, para presentear os merecedores acompanhantes daquela noite animada e irreverente em que Tom Zé, mais uma vez, mostrou força e coragem para alcançar um objetivo

Custos:

Transporte: R$ 4,60 (ônibus ida e volta)

Nota – 9,5

5.12.06

Rave Cultural

RAVE CULTURAL NA CASA DAS ROSAS
(Casa Haroldo de Campos)


Sábado 9 e domingo 10 a Casa das Rosas irá promover uma Rave Cultural que vai das 18h do dia 9 até as 7h do dia 10. É uma programação com bastante poesia, música, teatro e cinema. A agenda completa você pode conferir aqui.

É desse tipo de iniciativa que São Paulo precisa. Arte gratuita, de qualidade, aos montes e de uma vez só! Claro que o Arte Free não vai ficar de fora, e irá até a Casa das Rosas conferir as atividades.

Até lá!

Serviço:
Av. Paulista, 37 - Paraíso - São Paulo- SP
Fone: (11) 3285-6986

3.12.06

O Brasil de Marc Ferrez - Sesi - 03/12/06

O Brasil de Marc Ferrez

Sábado, caia uma chuvona. Saio do metrô Trianon e dou de cara com a imensa vitrine da Galeria do Sesi tingida de bordô, cor de caixas de bombons de antigamente, aquelas em veludo ou então camurça. Uma cor sofisticada, que sinaliza elaboração, luxo clássico, discreto, exatamente como as imagens expostas do fotógrafo carioca Marc Ferrez “O mais importante fotógrafo brasileiro do século XIX e inicio do século XX”

Entro na galeria e suas paredes estão ainda mais bordô e, no meio da cor, as fotos em preto e branco, expostas em diversos corredores e em pequenas salas que obedecem a uma ordem, um labirinto no qual somos orientados a seguir. Fico pensando na importância de Ferrez , mais até pela sua ausência. E se aquelas imagens não existissem? Perderíamos uma obra documental valiosa de um artista que registrou dois séculos em 50 anos de produção.

Saberíamos muito menos sobre as paisagens naturais e urbanas do Brasil, principalmente do Rio de Janeiro, as prediletas, e de São Paulo. E menos ainda sobre a vida daqueles anos registrados sob a perspectiva de suas lentes

Porque as imagens de Ferrez não se mostram meramente paisagens, o elemento humano, quase sempre presente, legitima a cena e dá informações valiosas sobre o comportamento da época. O fotografo constrói um cenário que ultrapassa, em muito, a própria imagem. Nesse sentido é imperdível a foto de um terreiro de café onde escravos trabalham. Lá eles estão com roupas diferentes entre si, alguns de chapéu semelhante a chapéu coco, alguns de paletó, e outros ainda com vestimentas diversas. As informações passadas na foto são muito interessantes principalmente para quem está habituado a associar escravos à calças enroladas até o joelho e torso nu.

Entro em uma das primeiras salas onde três painéis de cinco metros de altura cobrem todas as paredes. Neles, a tentativa de transmitir a sensação de magnitude de cachoeiras que despejam suas águas. Mas, o curioso é justamente o elemento humano nas fotos dos painéis, confrontado com aquela natureza. Moçoilas com vestidos fechadíssimos, longuíssimos, com direito a laço e almofadinha , chapéu e sombrinha, posam em pé. Em uma das imagens, um rapaz languidamente sentado sobre uma pedra tem boa parte da barra de sua calça molhada pelas águas, não fosse isso, seu traje poderia ser confundido com qualquer outro apropriado para um evento social.

Fotógrafo da Marinha Imperial e da Comissão Geográfica e Geológica do Império, Ferrez viajou por todo o país. Registrou as minas de ouro de Minas Gerais, os serviços de captação de água e as instalações urbanas do Rio de Janeiro. Em São Paulo, fotografou as fazendas de café, a cidade de Santos e o porto, além dos panoramas da capital. Não faltaram retratos da família real, de celebridades da época, de índios e negros

Nas saletas da Galeria do Sesi espalham-se 350 imagens do acervo de 5.500 do Instituto Moreira Salles (IMS). São registros que datam a partir de 1860, ano em que o fotógrafo iniciou suas atividades e produziu panoramas da cidade do Rio de Janeiro em negativos de grande formato (40 x 110 cm).

Quando chego bem ao centro da galeria, encontro a grande câmera que Ferrez utilizava para fazer as tais panorâmicas. Junto a ela estão todos os equipamentos usados por ele. Passo pelas vitrines que exibem negativos originais em vidro e paro nas reproduções de imagens feitas pela IMS em papel albuminado, técnica do século 19 realizada a partir de clara de ovo e exposição da imagem ao sol.
Saio dali com a sensação de que não vi tudo que deveria. Marc Ferrez conta muitas histórias. É para se ler devagar.


Custos

Uma passagem de metrô 2.10
Voltei para casa a pé

Nota 10

Serviço:
Exposição: O Brasil de Marc Ferrez – Fotografias do Acervo do Instituto Moreira Salles
Local: Galeria de Arte do SESI – Av. Paulista, 1313 – metrô Trianon-Masp
Exposição: até 4 de março de 2007
Horário: de terça a sábado, das 10h às 20h; domingos, das 10h às 19h

Por Claudia Piccazio