13.6.11

CASA DAS ROSAS - Um pedaço e ITAÚ CULTURAL - Ocupação Flávio Império

Un Dolce Fare
por CLAUDIA PICCAZIO


Sábado delicioso, frio, solzinho e na Paulista, bem perto um do outro, a Casa das Rosas e o Itaú Cultural.

Sigo a pé pelo lado esquerdo de quem sai da Domingos de Morais em direção a rua da Consolação e entro na Casa das Rosas. Depois de uma xeretada na biblioteca e no espaço com os livros de James Joyce, me detenho na sala onde está uma das séries de fotos da artista visual Sylvia Diez. São nove imagens em preto e branco pregadas no chão e há sobre elas uma grade. A série atravessa a sala e mostra uma única mulher, a própria autora.

Ao entrar, o visitante é orientado a andar sobre a grade e, ao mesmo tempo, usar um dispositivo de áudio que toca um texto. Mi Renascimiento é o nome da obra e mostra o esforço da mulher para sair da água. Umas três ou quatro caminhadas completas pelo percurso das nove fotos são suficientes para ouvir, até o final, aquele belíssimo texto.

Descubro que ele não está disponível impresso, que a mostra tem o nome de Um Pedaço e a curadoria de Sinval Garcia e Lucrécia Couso. Nela, a autora convida o público a refletir sobre as questões que nos prendem e as que nos libertam.

Sempre que vou a Casa das Rosas sou pega por um sentimento de beleza e gratidão. Gratidão porque a poesia – único alimento possível para o surgimento de uma nova pele na tão encarquilhada contemporaneidade – de uns tempos para cá, cada vez mais, se derrama na cidade. E a gente sabe de onde ela esta saindo.

Cafezinho, alma lavada, rumo ao encontro de Flávio Império no Itaú Cultural, bem pertinho da Casa das Rosas.

Já na entrada, os olhos se perdem no que se tem para olhar, as inúmeras bandeiras coloridas , as telas das serigrafias do artista montadas a partir do teto. As imagens em vídeo que ele captou, o recado gigante, batido a maquina de escrever, da amiga e também artista Renina Katz. A cortina feita com uma foto de Flávio Império no amontoado de obras no quintal de seu atelier, os depoimentos de amigos, de afetos. Está ali o temperamento do artista e suas incursões pela arquitetura, cenografia e figurino e artes visuais.

Mas os olhares acabam se entregando mesmo a uma bancada montada no fundo da sala, num cenário que simula um atelier com objetos pessoais, obras e materiais utilizados. E muita cor. Nesse espaço circulam estudantes de várias artes que orientam o público a criar, ou pelo menos pintar, sua própria serigrafia. Quem resiste?

Basta escolher um modelo e as cores com as quais você irá pintar o pedaço de pano e em pouco tempo a arte estará presa nos varais secando. Vinte minutos depois, é só levar para casa. Eu fiz o meu, foi muito divertido.

Tem gente que já virou freguês e em vez de pintar no pano que é oferecido, traz de casa uma camiseta, uma bolsa, ou até uma saia...e sai de lá com a peça devidamente serigrafada.
Hora de ir embora, na calçada, vou bem devagarinho para casa, pra poder curtir o sol leve e o passeio.

Custo: 3,50 cafezinho e um quirche 7,00, Total: 10,50
Notas:
Um Pedaço, 7,5
Ocupação Flavio Império, 9

Casa das Rosas
Av. Paulista, 37

Itaú Cultural
Av. Paulista, 149

Um comentário:

Anônimo disse...

Que lindo! Que vontade de ir às exposições!

Parabéns pela matéria!

Helena