29.7.12

Os rumos de Ricardo Herz e Samuca do Acordeon

por Helena Piccazio




Samuca do Acordeon, eu e o Ricardo Herz
foto por Bruna Piccazio


Eu fui pensativa e a pé até o Itaú Cultural, procurando no fundão da memória a última vez que havia visto o Ricardo.

No Colegial, nos longínquos idos de 1996-7, foi a primeira vez que ouvi falar dele e como eu circulava pela escola com o violino pra cima e pra baixo sempre havia alguém para me falar do ex-aluno músico. Até que um dia, o Ricardo apareceu na escola e com um amigo que tocava violão (não lembro o nome!) fez um som no intervalo, no pátio. Fiquei assistindo, encantada. No final, a gente conversou e ele perguntou: "Por que você não faz teste lá na minha orquestra?".

Era a Orquestra Experimental de Repertório. Segui a sugestão e acabei entrando na orquestra onde fomos colegas por mais de um ano, se não me engano, até que os estudos nos levaram a cantos diferentes do mundo. Anos depois, descubro vídeos dele tocando música brasileira com grupos muito legais e acabamos nos reencontrando no bom e velho Facebook. Ricardo Herz não estava mais como eu me lembrava dele - de cabelo extremamente curto, terno e gravata tocando música clássica -, mas sim a figurinha que vemos nos muitos cartazes de shows e anunciava a sua volta ao Brasil, depois de muitos anos de França. E na sexta passada foi a primeira vez que eu o ouvi tocando ao vivo o seu som.

Cheguei ao Itaú Cultural achando que iria encontrar uma super fila. As pessoas estavam espalhadas pelo hall de entrada e, mesmo discretamente, não tiravam os olhos da bilheteria, esperando que aparecesse alguém ali para sair correndo atrás do ingresso. Mas tinha para todo mundo, até sobraram alguns lugares vagos na plateia - o que achei estranho, confesso, em um show (gratuito) que prometia ser muito bom.

O show faz parte do Projeto Rumos, do Itaú Cultural, que une artistas que nunca trabalharam juntos para realizar um espetáculo: tudo super programado, monitorado, com assistências mil e que depois vira CD, e todas essas informações são exibidas em vídeo antes do inicio do show. O trabalho da dupla começou em 2010 e esse foi o show de estreia. Achei a ideia genial! São 4 grupos, 4 espetáculos, em noites seguidas, sempre às 20h.

A mistura de violino com acordeon, de ritmos e influências brasileiras, deu origem a um espetáculo variado, de arranjos criativos e muito bem tocados, mesmo que curto. Eu já era fã do Ricardo, mas fiquei impressionada com o Samuca... eu nunca tinha ouvido falar dele, nem do som dele e adorei ele tocando!

Os dois apresentavam as músicas contando um pouco sobre o lugar de onde elas vieram, algo interessante sobre o autor (como o fato de Luiz Gonzaga ter composto choros e sambas, além do famoso baião) ou sobre o processo criativo do recém-formado duo, mas sempre de forma muito descontraída e engraçada. Ouvimos música muito boa e demos altas risadas.

O público adorou! Eles voltaram para dois bis e mesmo assim ficou o gostinho de quero mais.



Nota: 9
Custo: 6 reais (café e pão de queijo)

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