Podia ter sempre
Imaginar uma rave cultural por si só já é um evento. Estimula a curiosidade de qualquer ser minimamente ligado em música, ou poesia, ou pintura, ou cinema, ou teatro, ou todos juntos.
A Casa das Rosas, um antigo e maravilhoso casarão da Paulista, agora cultural, com o nome de Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura anunciava a rave para comemorar dois anos de funcionamento. A festa, marcada para começar no sábado, dia 9 de dezembro, às 18 horas, só terminaria no domingo às 7 da manhã com a promessa de intensa programação.
Cheguei na Casa das Rosas lá pelas oito da noite de sábado, quando os músicos do Musiclube apresentavam-se no hall da casa, em um palco improvisado embaixo da escadaria de mármore, em frente as fileiras de cadeiras leves que acomodavam parte do público. Mas a platéia não esquentava muito o lugar, as pessoas dançavam, transitavam pelos corredores e salas, encontravam amigos e curtiam a música nos jardins. Todo aquele passear certamente era parte do cenário.
Logo na entrada, a programação era distribuída e anunciava que eu havia perdido a apresentação das 18, Desconcertos, quando proseadores dirigidos por Claudinei Vieira, abriram os trabalhos da noite. O Grupo de Criação Poética veio em seguida.
Mas, agora, eu assistia ao professor de História da Música Brasileira, André Domingues, apresentar seus convidados. Ao microfone, André anunciou Betinho Sodré e Ito Moreno: “Olha, eles são bons. Vocês vão gostar!”
Na verdade, eles eram ótimos. Incendiaram a pequena platéia das cadeiras leves e todo mundo lá fora. Violão e pandeiro, simples, bom, vibrante. A primeira música, Circuladô de Fulo poema de Haroldo de Campos, musicado por Caetano. Na seqüência, Geléia Geral do Gil e Torquato Neto esquentou ainda mais a apresentação. Em seguida, vieram três composições do Ito Moreno, uma delas Maracatu, Samba e Baião ..."Bate o pandeiro, quero ver o coro no calo. Quero ver o povo no embalo, um bate-coxa sem parar. O rola-embola da cantiga fez história! Misturo rola com bola, quero ver a língua embolar”. A apresentação passou rapidinha. Tinha ainda muita gente para tocar. Conseguimos um bis.
Terminado o show, sai. Fui fazer parte do cenário.
Subi as escadarias e no andar de cima, em uma sala próxima ao imenso banheiro, havia um papel impresso pregado na porta fechada. Ele anunciava os filmes da noite e da madrugada: O livro de Cabeceira Peter Grenway (20h), Laranja Mecânica, Stanley Kubrick (22h), O Sétimo Selo, Ingmar Bergman (00h), Crepúsculo dos Deuses, Billi Wilder (02h), Zelig, Woody Allen (04h).
Das varandas de cima, podia-se ver um certo tumulto no “quintal”, perto da edícula, local onde antigamente ficavam os empregados do casarão. Era a moçada a espera das apresentações teatrais dirigidas por Paula Chagas. A nova sessão teria inicio dali meia-hora, à meia noite.
Daí pra frente a programação seguiria com sarau aberto, forró, poesia Maloquerista, dança, tecnobeat, blacmusic, Dub Music, declamação...e para fechar, às sete de domingo, café da manhã.
Fui pra casa cedo, a uma da madrugada de sábado, mas tive a certeza de que quem ficou se divertiu muito. Fui pensando que aquilo tudo podia ter sempre.
Nota 10
Custo zero
Fui e voltei a pé
por Claudia Piccazio
Imaginar uma rave cultural por si só já é um evento. Estimula a curiosidade de qualquer ser minimamente ligado em música, ou poesia, ou pintura, ou cinema, ou teatro, ou todos juntos.
A Casa das Rosas, um antigo e maravilhoso casarão da Paulista, agora cultural, com o nome de Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura anunciava a rave para comemorar dois anos de funcionamento. A festa, marcada para começar no sábado, dia 9 de dezembro, às 18 horas, só terminaria no domingo às 7 da manhã com a promessa de intensa programação.
Cheguei na Casa das Rosas lá pelas oito da noite de sábado, quando os músicos do Musiclube apresentavam-se no hall da casa, em um palco improvisado embaixo da escadaria de mármore, em frente as fileiras de cadeiras leves que acomodavam parte do público. Mas a platéia não esquentava muito o lugar, as pessoas dançavam, transitavam pelos corredores e salas, encontravam amigos e curtiam a música nos jardins. Todo aquele passear certamente era parte do cenário.
Logo na entrada, a programação era distribuída e anunciava que eu havia perdido a apresentação das 18, Desconcertos, quando proseadores dirigidos por Claudinei Vieira, abriram os trabalhos da noite. O Grupo de Criação Poética veio em seguida.
Mas, agora, eu assistia ao professor de História da Música Brasileira, André Domingues, apresentar seus convidados. Ao microfone, André anunciou Betinho Sodré e Ito Moreno: “Olha, eles são bons. Vocês vão gostar!”
Na verdade, eles eram ótimos. Incendiaram a pequena platéia das cadeiras leves e todo mundo lá fora. Violão e pandeiro, simples, bom, vibrante. A primeira música, Circuladô de Fulo poema de Haroldo de Campos, musicado por Caetano. Na seqüência, Geléia Geral do Gil e Torquato Neto esquentou ainda mais a apresentação. Em seguida, vieram três composições do Ito Moreno, uma delas Maracatu, Samba e Baião ..."Bate o pandeiro, quero ver o coro no calo. Quero ver o povo no embalo, um bate-coxa sem parar. O rola-embola da cantiga fez história! Misturo rola com bola, quero ver a língua embolar”. A apresentação passou rapidinha. Tinha ainda muita gente para tocar. Conseguimos um bis.
Terminado o show, sai. Fui fazer parte do cenário.
Subi as escadarias e no andar de cima, em uma sala próxima ao imenso banheiro, havia um papel impresso pregado na porta fechada. Ele anunciava os filmes da noite e da madrugada: O livro de Cabeceira Peter Grenway (20h), Laranja Mecânica, Stanley Kubrick (22h), O Sétimo Selo, Ingmar Bergman (00h), Crepúsculo dos Deuses, Billi Wilder (02h), Zelig, Woody Allen (04h).
Das varandas de cima, podia-se ver um certo tumulto no “quintal”, perto da edícula, local onde antigamente ficavam os empregados do casarão. Era a moçada a espera das apresentações teatrais dirigidas por Paula Chagas. A nova sessão teria inicio dali meia-hora, à meia noite.
Daí pra frente a programação seguiria com sarau aberto, forró, poesia Maloquerista, dança, tecnobeat, blacmusic, Dub Music, declamação...e para fechar, às sete de domingo, café da manhã.
Fui pra casa cedo, a uma da madrugada de sábado, mas tive a certeza de que quem ficou se divertiu muito. Fui pensando que aquilo tudo podia ter sempre.
Nota 10
Custo zero
Fui e voltei a pé
por Claudia Piccazio
3 comentários:
Podia ter sempre...
O evento foi muito bom!
Uma maneira de aproximar os paulistanos dessa Casa, que é nossa.
Nenhum incidente ou acidente... Podia ter sempre!
oi, Cláudia!
descobri teu blog no do Marcelo Sahea (Poesilha).
adorei a idéia de vcs, sempre irei aqui dar uma passada.
beijinhos!
Maravilhoso! ;)
Fantástico! ... :)
Também quero! !!! :D
Postar um comentário