14.7.11

O Universo Gráfico de Glauco Rodrigues - Caixa Cultural de São Paulo - 13/07/11

Pega de passagem

A entrada principal do Conjunto Nacional, que fica na esquina da Paulista com a Augusta, tem, a direita de quem olha, uma galeria de arte, a Caixa Cultural de São Paulo. Suas paredes são todas de vidro, de tal forma que as exposições lá exibidas saltam em quem está passando, como um convite insistente, quase impertinente, para uma visita. Mesmo de fora, é possível enxergar setenta por cento de tudo o que está lá dentro.

Cruzei a silenciosa porta de vidro, aceitando o convite para ver O Universo Gráfico de Glauco Rodrigues. Assim que passei o painel vermelho com a emocionante imagem de São Sebastião, li na parede uma das falas do artista plástico gaucho, morto em 2004, e nela uma realidade que, com certeza , exaspera os que têm forte ligação com a vida e com a arte “TENHO HORÁRIO COMERCIAL. TRABALHO DAS 9H AS 13H. PARO PARA ALMOÇAR. VOLTO AS 14H30 E SAIO AS 19H. SÁBADO E DOMINGO, FINALMENTE, DEDICO AO LAZER: CONTINUO A PINTAR.”



E ainda assim, boa parte do que ele definiu como trabalho está exposta ali. São, entre outros, as magníficas capas da revista Senhor, logo na primeira fase da publicação. Como declara o curador Antonio Cava, no catálogo: “...foi um virtuose da linguagem gráfica. Seu traço e sua cor estão presentes no desafio do processo serigráfico e litográfico com o mesmo vigor criativo de sua pintura”.

Mas a pintura, o seu lazer, toma conta da maior parte das paredes da galeria. As figuras coloridas no fundo branco, a religiosidade, o traço cheio de movimento em sua busca pelo Brasil fizeram mais de 50 exposições individuais e muitos prêmios, conquistados aqui e lá fora.

Bem lá no fundo, na última parede distante da entrada, imagens que parecem ter sido desenhadas a carvão sobre o papel amarelado, estão as minhas preferidas, com o toque do encanto que a gente não sabe direito precisar.

Tudo visto, olhei agora, através do vidro da silenciosa galeria, o intenso vai e vem de pessoas lá fora e percebi de imediato o motivo daquela sensação primeira do convite insistente, quase impertinente por um pedido de visita.

Nota 9,5
Custo:
R$ 6,0 (ônibus ida e volta)

Escrita por Claudia Piccazio
Fotos por Luciano Piccazio Ornelas

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