24.6.09

Nelson Leirner – Ocupação – Itaú Cultural (23/06/2009)


O Porco já virou presunto


Na avenida paulista em plena hora do almoço, o cenário rotineiro: esbarrões, pressa, ternos. O que salta aos olhos no meio do cenário cinza são os centros culturais, museus e cinemas que dividem espaço com os arranha-céus, escritórios e fast-foods no coração financeiro da metrópole.

Escolhi ir até o Itaú Cultural, onde está em cartaz a primeira exposição da série Ocupação dedicada artistas marcantes da segunda metade do século XX. Com curadoria de Agnaldo Farias, a mostra propõe paralelos, relações e leituras diversas da obra de um dos precursores (e por que não mestre?) da arte contemporânea brasileira: Nelson Leirner.

O artista revisita sua própria produção do início da década de 60: o porco, a cadeira no tronco, roupas com zíper. Tudo o que havia chocado e fomentou tanto o debate nas artes plásticas no período em que foram produzidas ao lado de peças novas, desse ano.

O porco dentro de uma jaula que causou tanto espanto nos anos 60, em 2009 é um presunto. A jaula é a mesma, só que ao invés do animal “vivo” está o presunto – processado e embalado. A cadeira que estava no tronco já está coberta de folhas, vivas.

O zíper, outrora fechado, hoje já está aberto e o mistério foi revelado.

Fica claro que a obra de Leirner não se esgotou, ela deu frutos, fez escola e foi determinante para o contemporâneo da arte. O olhar do artista, ainda que voltado a sua própria produção, fala também – com muita ironia – da trajetória da arte contemporânea como um todo, em geral.

Nelson me provocou: será que o que classificamos como contemporâneo já foi tão processado, embalado e formatado, como um presunto? O que está vivo na arte? A vida comeu a cadeira. O sistema digeriu o porco. O mistério por detrás do zíper foi revelado.

De volta à avenida o cenário era o mesmo, mas minha cabeça estava em outro lugar.

Custos: 0 – fui e voltei à pé.
Vai até... 28/06


Por Helô Louzada
Imagem retirada do site: http://f.i.uol.com.br/folha/ilustrada/images/0914712.jpg

12.6.09

Cinema Sonoro 80 anos no Brasil - Sesc Vila Mariana - 12/06/2009

Luz, câmera, som!

Um frio enorme em plena luz do meio dia. Poucas almas se aventuravam a sair na rua nessa sexta-feira de dia dos namorados. Fui ao Sesc Vila Mariana para ver se lá tinha alguma coisa. E tinha. Em um espaço pequeno, o hall de entrada em frente ao elevador, foi montada a exposição Cinema Sonoro 80 anos no Brasil.

O nome já diz bastante sobre a intenção do projeto, que se divide em exposição de objetos (como câmeras antigas, gramofones e etc.), fotos sobre as origens do cinema brasileiro, um texto explicativo sobre a primeira exibição de cinema com som no País e uma sala de exibição de filmes, onde passam, durante todo o dia, quatro curtos filmes a respeito de como o cinema mudo "migrou" para o cinema sonoro.

São dois filmes sobre a origem do cinema sonoro, um do ponto de vista americano e outro do ponto de vista alemão. Há também uma entrevista com Alexandre Fleming, um dos pioneiros no cinema brasileiro, cuja invenção não patenteada seria "inventada" anos mais tarde nos Estados Unidos com o nome de Vitaphone, um sistema de sonorização que viria a modificar a história do cinema.

O último filme mostra uma experiência com uma série de cenas escolhidas de cinema preto-e-branco, que leva o espectador a entender as principais diferenças na evolução do áudio no cinema. As mesmas cenas, dentre as quais Carlitos e a célebre tomada da nave espacial (em forma de bala de revólver) atingindo o olho da lua, são passadas quatro vezes. Da primeira vez, sem áudio (desesperador ver uma cena de guerra sem áudio), depois em mono, stereo e sistema 5.1.

A mostra é bem interessante, especialmente para os iniciados ou apaixonados pela sétima arte. Tem detalhes, experiências, câmeras antigas belíssimas expostas, uma verdadeira relíquia bem escolhida. Mas, para aqueles apenas curiosos, se torna bastante enfadonho. Os filmes, tal como os textos de explicação, são longos e cansativos. Claro que aquele dia frio não deve ser amostra para nada, mas enquanto eu via os filmes, as pessoas que entravam na sala de exibição não ficavam mais de três minutos.

Para quem já sabe, ou quer saber mais, vale a pedida. Se não, vá até a banca de jornais e compre um desses bons filmes que estão vendendo agora, como Casablanca. Quem sabe você também não vira um cinéfilo?

Nota – 7,5

Custos
Nada
Transporte – fui e voltei a pé
Vai até...
dia 28/06.
Terça a sexta, das 9h às 21h30; Sábados e domingos, das 9h às 18h30.

11.6.09

CAMERATA FUKUDA NA FUNARTE


A Camerata Fukuda apresenta concerto, no dia 20 de junho, na Sala Guiomar Novaes da Funarte São Paulo, às 11 horas, com entrada franca. O grupo é formado por violinos, violas, violoncelos e contrabaixos, tendo como regente o Maestro Ugo Kageyama e direção artística de Elisa Fukuda.

A apresentação integra a programação do II Festival Internacional de Música de Câmara em São Paulo – Oferenda Musical, da Secretaria de Estado da Cultura, que acontece ente os dias 19 e 27 de junho, no Theatro São Pedro e em outros espaços da Barra Funda, em São Paulo. Programação completa no site http://www.oferendamusical.com.br/.

Programa:

Heitor Villa-Lobos: Bachianas Brasileiras No. 09
Felix Mendelssohn: Sinfonia No. 9 em Dó Maior

Concerto: Camerata Fukuda
Da 20 de junho – sábado – às 20 horas
Funarte SP - Sala Guiomar Novaes
Al. Nothmann, 1.058, Campos Elíseos/SP – Tel: (11) 3662-5177
Entrada Franca (bilheteria 1 h antes da apresentação)
Capacidade: 100 lugares – Classificação etária: Livre - Ar condicionado e acesso universal

4.6.09

Carmen Queiroz e Cezinha Oliveira

Carmen Queiroz e Cezinha Oliveira são convidados do Conversa com Verso

O projeto Conversa com Verso apresenta dia 20 de junho (sábado) dois artistas da MPB de indiscutível talento: a cantora e sambista de raro timbre Carmen Queiroz e o cantor, instrumentista e compositor Cezinha Oliveira. A apresentação acontece no Centro Cultural e Estudos Superiores Aúthos Pagano, às 16 horas, sob curadoria de Celina Lucas.

O formato do Conversa com Verso privilegia, além das canções interpretadas, o bate-papo com a platéia. Entre uma e outra canção, os convidados falam sobre seus trabalhos, suas carreiras e seus respectivos processos criativos. Carmem Queiroz é ilustre dama do samba e Cezinha Oliveira também tem forte ligação com o samba tradicional. O que mais eles têm em comum? Interpretação única, timbres belíssimos e afinação precisa. Cada um ao seu estilo, eles mostram a essência da MPB e do bom intérprete.

Serviço:
Projeto: Conversa em Verso
Convidados: Carmen Queiroz e Cezinha Oliveira
Dia: 20 de junho - sábado - às 16 horas
Local: Centro Cultural e de Estudos Superiores Aúthos Pagano
Rua Tomé de Souza, 997 - Sítio Lapa/SP - Tel: (11) 3836 4316
Ingressos: Grátis (não há distribuição de ingressos; a porta será aberta às 15h45).
Duração: 60 min – Capacidade: 60 lugares. Não possui estacionamento.
Curadoria: Celina Lucas
Produção: Celina Lucas e Lourdes Casquete

Carmen Queiroz - http://www.carmenqueiroz.com.br/ / www.myspace.com/carmenqueiroz
Cezinha Oliveira – www.myspace.com/cezinhaoliveira