Eu saí de casa com vinte e um anos de idade. Havia pego o papel principal numa ópera-rock e meu pai não me deixou fazer. Tinha ficado com isso meio engasgado. Quando fiz vinte e um, “pensando” que já tinha maioridade, saí de casa e fui morar numa pensão. E aí meu pai falou: “você vai sujar o nome da família com esse negócio de cantora”.
ENTREVISTA COM LENINE:
Encostado na mureta lateral do auditório do Ibirapuera, Lenine fumava calmamente sua cigarrilha. Brilhava o olhar sempre que dizia algo. Parece que imagens passavam em sua cabeça e organizavam seu pensamento enquanto suas mãos mexiam bastante, quase como que para tentar segurar essas imagens. Sua fala é clara e objetiva, mas sem deixar de lado o tempero de todo bom artista. É um cronista visual; músico que queria ser Stanley Kubrick, que classifica suas composições como visuais e que escreve em sua fala tudo aquilo que suas canções escondem em versos e melodias.