22.6.12

NOTICIAS DO COMODORO


Por Claudia Piccazio


Desde a morte do cineasta Carlos Riechenbach, 67 anos, no dia 14 de junho, estou tentando acomodar uma tristeza incomum, daquelas que faz a gente ficar muito quieta. Certeza de que seres como  ele, vivos, garantem o alento de que precisamos para suportar a opressão que bate todo o dia, mesmo quando o dial está no grau máximo tornando visível a insana força do opressor. Mais ainda, nos apazigua.


Tive apenas dois contatos com Carlos Riechenbach. O primeiro em uma oficina de roteiro nos anos 90 e o segundo participando da equipe de roteiro do projeto Empédocles, momento em que ele estava fascinado com as possibilidades da câmera digital pela agilidade e pela redução considerável no orçamento de uma produção. Falava dela incansavelmente, como a pedra de toque que permitiria aos que faziam cinema fazer mais cinema e dar aos que chegavam o estímulo necessário para não desistirem.


Foram encontros breves, mas penso que até um simples café num balcão de um bar bastaria para entender que nele o cinema era a desculpa perfeita para o exercício de uma existência generosa e apaixonada.

Dias atrás, fui buscar notícias da Sessão do Comodoro que, há anos, acontece toda a primeira quarta feira do mês no CineSesc e é aberta ao público. Nela, Reichenbach exibia e comentava, em versão original, filmes de seu acervo particular. Eram encontros importantes e fiquei feliz em saber que vão continuar, “com filmes pra mais de cinco anos”.

De qualquer forma, o legado que o cineasta deixou para a História do Cinema e no coração daqueles com quem conviveu é determinante, essencial. Há um preceito cabalista que afirma ser a existência do mundo garantida pela existência de 36 justos que nele habitam. Às vezes, a morte de um deles acontece com a clara intenção de promover uma grande brecha de luz e assim equilibrar forças.

À semelhança de tal preceito, me convenço de que a morte de Carlos Reichenbach não foi apenas uma partida.


Acessem o site www.olhoslivres.com e procurem conhecer mais de perto o trabalho dessa grande figura. 


20.6.12

DICA FREE: ANTES DO JOGO




Dá pra fazer pelo menos um desses programas antes do matador jogo de hoje à noite. Às14h30, Vanessa Meiriqui contará Histórias de todos nós, na Biblioteca Camila Cerqueira César. Às 16h, será exibido o filme Separações da Mostra Domingos de Oliveira, na Estação Caneca. Às 16h30, Anaí Rosa se apresentará, no SESC Pompeia. Às18h, Attilio De Gasperis fará uma leitura de Giovanni Pascoli, La Quercia caduta  e às19h30, Davide Rondoni e Antonio Riccardi apresentarão a poesia contemporânea italiana, na Casa das Rosas. Às 20h30, será a vez da Poesia dos 4 Cantos - Noite judaica, com Moacir Amâncio, César Assolant e Jardel Caetano e Fortuna: danças, leitura e música no Centro Cultural São Paulo. Depois disso, é sofrer na frente da tv ou da tela do computador.

12.6.12

SER OU NÃO SER. A QUESTÃO CONTINUA...

Por Luciano Piccazio


Imortal. Não há outra palavra para descrever Shakespeare. Em seu livro Hamlet, obra prima do escritor, descreve um drama humano que é eternamente atual: o drama humano.


O príncipe da Dinamarca, logo no início do livro, tem de enfrentar uma questão: o fantasma de seu pai, recém-morto, lhe aparece e diz que quem o matou foi o tio de Hamlet, que com isso herdou o trono e casou com sua mãe. O espectro lhe pede duas coisas: vingar sua morte matando o próprio tio e resgatar sua mãe, que está como que cega para tudo que lhe rodeia.


Ser ou não ser, viver ou não viver, enfrentar o seu destino ou permitir que este lhe apareça como uma torrente, uma onda de dez metros de altura a lhe devorar. E a questão lhe devora durante todo o livro.

É a nossa vida. De todos e de cada um em particular. No caso de Hamlet, sabe que ao realizar o desejo de seu pai estará escrevendo seu próprio destino: “o mundo está de pernas pro ar. Infeliz de mim ser a pessoa escolhida para consertá-lo”.

Shakespeare, gênio, prevê o mundo que lhe seguirá. Lá, em meados dos anos 1600, percebe que o mundo que o seguirá (e que hoje nos preenche) é um mundo de aparências, um mundo repleto de pessoas que “parecem”, mas que na verdade não “são”. Quando sua mãe lhe diz que está parecendo estranho, responde: “parece? Ignoro o que seja parecer”. Ao mesmo tempo em que recusa o universo das aparências, percebe que é necessário jogar o jogo para conseguir levar a cabo sua missão: se faz de louco (parecer) para conseguir manter-se são (e salvo), num mundo que está cada vez mais louco.


E nós? Somos ou parecemos? Somos ou não somos? Mais vale sermos passivos num mundo que nos recebe com pedras e setas ou resistir e enfrentar este mar de provações e provocações de frente, com a cara e a coragem?


É a questão que continua atual e imortal...


(publicado no site area geek http://www.areageek.com.br)







8.6.12

DICA FREE: MOMENTO ITÁLIA-BRASIL


Hoje, sexta, às 8 da noite e amanhã, às quatro e meia da tarde. duas poetizas italianas Mariangela Gualtieri e Tiziana Cera Rosco estarão na Casa das Rosas para perfomances e leitura. A programação faz parte do Momento Itália-Brasil.

As duas poesias publicadas no site da Casa das Rosas mostram um pouco do trabalho de ambas. Vai ter tradução simultânea, mas o bom mesmo é ouvir no idioma original, como música!
Fotos: divulgação 

6.6.12

DICA FREE: SESSÃO DO COMODORO

Se você tem mais de 16 anos, beleza! Pode assistir Banho de Sangue (Reazione a Catena - 1971) de Mario Bava na sessão do Comodoro, no CineSesc. O filme inaugura o genero slasher onde sobram cadáveres, assassinos, psicopatas e afins, por isso a recomendação em relação a idade. Hoje, quarta, às 21h30. Um clássico!

1.6.12

DICA FREE: CINEMA, CINEMA, CINEMA

Muito cinema na primeira quinzena de junho: Mostra Africa Hoje, Mostra Audivisual Israelense, IN-EDIT Brasil e as especiais das bibliotecas públicas.  Hoje as sessões começam as três da tarde com Brilho eterno de uma mente sem lembranças na Biblioteca Roberto Santos, as quatro, Africa Hoje com Marrabentando na Caixa Cultural SP, no mesmo horário Audivisual Israelense com Charlie e Meio, no CINUSP  e as cinco horas IN-EDIT Brasil - Curta Um Som 1: Eu, no MIS. E por ai vai até as oito e quinze da noite. Leia a programação completa das sessões na nossa agenda www.artefree.blogspot.com