foto Helena Piccazio |
Por Helena Piccazio
Saí de casa no meio da tarde de sábado e já era possível sentir a cidade vibrando. Muita gente na rua, equipes se deslocando, palcos sendo montados nas esquinas, ruas fechadas. No metrô, a mesma agitação, pessoas se debruçavam sobre seus folders escolhendo a programação. Assim que saí na estação Anhangabaú e fui em direção ao Theatro Municipal, tomei um susto: uma fila dava voltas e voltas no prédio do teatro e se misturava à multidão que perambulava pelo centro em busca dos eventos da Virada Cultural.
Será que é pra gente?, pensei.
Com o violino nas costas, alcancei a entrada dos artistas abrindo caminho a "com licenças" até chegar aos corredores do Theatro. Lá dentro, na coxia, rebuliço. Junto às fisionomias conhecidas dos músicos da orquestra, técnicos de diferentes equipes acertavam os preparativos para as apresentações que seguiriam pela madrugada.
O Theatro Municipal de São Paulo abriria a sua programação da Virada Cultural 2013 com a apresentação da Orquestra Sinfônica Municipal com o Coral Lírico Municipal e uma cantora convidada, a italiana Fiorenza Cedolins. Ao todo, entre sopros, cordas e percussão, a orquestra é composta por um time de mais de 90 músicos. E lá estávamos todos, depois do aquecimento, à espera do terceiro sinal. Às 18h em ponto, entramos no palco. A casa estava cheia.
Foto Theatro Municipal site oficial da Virada Cultural |
Antes de iniciar o concerto, o maestro Victor Hugo Toro saudou o público e falou um pouco sobre o repertório daquela noite. Em seguida, pediu que levantassem a mão aqueles que, pela primeira vez, iriam assistir à Orquestra Sinfônica Municipal. Mais da metade do público presente ergueu os braços. Surpreendente foi ainda a resposta à segunda pergunta do regente: quais as pessoas que estavam naquele teatro pela primeira vez, e setenta por cento da plateia levantou a mão.
E assim começamos o nosso programa, com certo temor de que talvez não fosse o repertório ideal para a proposta da Virada Cultural. Era complexo do ponto de vista poético, pois após a abertura Paysage de Francisco Braga, executaríamos canções que falam de Morte, Amor e Beleza, temas densos, tratados com profundidade alemã: As Quatro Últimas Canções de Strauss para soprano e orquestra e, na segunda parte, três canções de Brahms para coro e orquestra, Nänie, op.82, Gesang der Parzen, op.89 e Schicksalslied, op.54. Música lenta, versos capazes de causar introspecção séria.
Mas... Na volta do intervalo, toda a plateia estava lá, retornara aos seus lugares, à espera das canções de Brahms. E, a julgar pelos aplausos, gostaram da apresentação! Foi um belíssimo concerto!
Foto tirada por Diógenes Gomes, do Coral Lírico, na primeira parte do concerto |