Samuca do Acordeon, eu e o Ricardo Herz foto por Bruna Piccazio |
Eu fui pensativa e a pé até o Itaú Cultural, procurando no fundão da memória a
última vez que havia visto o Ricardo.
No Colegial, nos longínquos idos de 1996-7, foi a primeira vez que ouvi falar
dele e como eu circulava pela escola com o violino pra cima e pra baixo sempre
havia alguém para me falar do ex-aluno músico. Até que um dia, o Ricardo
apareceu na escola e com um amigo que tocava violão (não lembro o nome!) fez um som no intervalo, no pátio.
Fiquei assistindo, encantada. No final, a gente conversou e ele perguntou:
"Por que você não faz teste lá na minha orquestra?".
Era a Orquestra Experimental de
Repertório. Segui a sugestão e acabei entrando na orquestra onde fomos colegas
por mais de um ano, se não me engano, até que os estudos nos levaram a cantos
diferentes do mundo. Anos depois, descubro vídeos dele tocando música
brasileira com grupos muito legais e acabamos nos reencontrando no bom e velho
Facebook. Ricardo Herz não estava mais como eu me lembrava dele - de cabelo
extremamente curto, terno e gravata tocando música clássica -, mas sim a
figurinha que vemos nos muitos cartazes de shows e anunciava a sua volta ao
Brasil, depois de muitos anos de França. E na sexta passada foi a primeira vez
que eu o ouvi tocando ao vivo o seu som.
Cheguei ao Itaú Cultural achando que iria encontrar uma super fila. As pessoas
estavam espalhadas pelo hall de entrada e, mesmo discretamente, não tiravam os
olhos da bilheteria, esperando que aparecesse alguém ali para sair correndo
atrás do ingresso. Mas tinha para todo mundo, até sobraram alguns lugares vagos
na plateia - o que achei estranho, confesso, em um show (gratuito) que prometia
ser muito bom.
O show faz parte do Projeto Rumos, do Itaú Cultural, que une artistas que nunca
trabalharam juntos para realizar um espetáculo: tudo super programado,
monitorado, com assistências mil e que depois vira CD, e todas essas
informações são exibidas em vídeo antes do inicio do show. O trabalho da dupla
começou em 2010 e esse foi o show de estreia. Achei a ideia genial! São 4 grupos,
4 espetáculos, em noites seguidas, sempre às 20h.
A mistura de violino com acordeon, de ritmos e influências brasileiras, deu
origem a um espetáculo variado, de arranjos criativos e muito bem tocados,
mesmo que curto. Eu já era fã do Ricardo, mas fiquei impressionada com o
Samuca... eu nunca tinha ouvido falar dele, nem do som dele e adorei ele
tocando!
Os dois apresentavam as músicas contando um pouco sobre o lugar de onde elas
vieram, algo interessante sobre o autor (como o fato de Luiz Gonzaga ter
composto choros e sambas, além do famoso baião) ou sobre o processo criativo do
recém-formado duo, mas sempre de forma muito descontraída e engraçada. Ouvimos
música muito boa e demos altas risadas.
O público adorou! Eles voltaram para dois bis e mesmo assim ficou o gostinho de
quero mais.
Nota: 9
Custo: 6 reais (café e pão de queijo)