30.4.12

Angeli: Invasão, bem mais que Ocupação


Por Claudia Piccazio

No mês passado Angeli, um dos mais importantes cartunistas brasileiros, desembarcou no Itaú Cultural com 900 de seus trabalhos para a exposição de nome Ocupação cuja proposta é revelar o processo criativo do artista.
No caso de Angeli, mais que uma Ocupação, pode-se dizer que foi uma Invasão. Ao entrar nos 100 metros quadrados da mostra, tive a impressão que, segundos antes, centenas de meninos liberados para usar o estojo, desenharam ao mesmo tempo e freneticamente nas paredes, móveis, portas e janelas até acabar o último pedacinho em branco. 

Ponto para a arquiteta Carolina Guaycuru e para a cenógrafa Flavia Rabatt que com o excesso conseguiram recriar o estúdio do cartunista, mostrar a ligação com o trabalho, a intimidade de sua arte e principalmente a ideia da gigantesca produção iniciada aos 14 anos, em 1970 – são mais de 30 mil obras ate hoje.

Vieram todos, Rebordosa, Bob Cuspe, Mara Tara, Skrotinho, Wood  Stock, Rhalah Rikota, Edi Campana, Benevides Paixão, Ritchi Pareide, Rampal, Bibelô, Walter Ego, Osgarmo, Rigapov, Hippo-Glós, Vudu; Los Três Amigos e a série "Angeli em crise", entre outros. Eles ficam em toda a parte: saltam do fundo das gavetas, entram na velha geladeira vermelha e se escondem no picante Jardim das Delicias,um quartinho que, para ver ilustrações, há que ser voyer.

Vieram as charges políticas, o material pouco conhecido do público registrado em cadernos de esboços, fotonovelas da revista Chiclete com banana- lançada em 1983, chegou a vender 110.000 exemplares. Além de cartazes e desenhos exibidos em outras mídias. Muito, muito bom!  
Descubro ainda, assistindo um dos vídeos, que o cartunista com jeitão de “não to nem ai” é mega metódico, gosta de apurar o desenho, refaz várias vezes os projetos e não vai para o papel sem seu lápis “que eu escolhi e que eu uso diariamente, tem o jeito de colocar o pote de tinta... Se tirar um livro da pilha parece que me desestrutura um pouco”.

Confessa, sem pudor, seu amor pela prancheta “a prancheta é a minha casa. Eu até almoço e janto na prancheta, são poucos os momentos que eu me desgrudo dela”. 

Para a sorte de todos nós, os que já viram e podem ver novamente - e os que ainda não viram, Angeli e sua tropa estarão mais alguns dias em cartaz, até 06 de maio. 

Dá para fazer um esquenta no http://www.itaucultural.org.br/ocupacao/



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