No último domingo, sai pra fazer matéria e acabei dançando até dizer chega! Daria uma espiada nas comemorações do dia da consciência negra já que a cidade era promessa de bastante coisa boa acontecendo. Mas, logo de cara, me enrosquei no som de vigorosas batidas que vinham do pátio da Casa das Rosas e que podiam ser ouvidas na rua.
Fui chegando perto e lá estava, entre as muitas alfaias e xerequês, o Maracatu Bloco de Pedra. A percussão e o canto atraiam os que sabiam e os que não sabiam o que iria ocorrer e que estavam de passagem, e todos foram arrebatados pelo som, pelo movimento dos corpos, das saias e da cor.
A cada nação chamada, a platéia improvisava sua própria dança, desde a palminha desajeitada até um passo mais elaborado. Ninguém arredou o pé até anunciarem o último canto.
Assim que acabou a apresentação, as pessoas distanciaram-se vagarosamente e ao sair de lá ainda pude ver nas esquinas, longe de olhares especializados, um ou outro ensaiando passos, cantarolando as batidas.
Um pouco mais pra frente, perto da Praça Oswaldo Cruz, vi inúmeros cartazes enfileirados no chão, presos com fita crepe, que exibiam pensamentos, poesias e frases, assinados por Samuel Salles, poeta e pensador. Entre os cartazes, uma caixa vazia de Suflair e o pedido de contribuição, com “qualquer valor”. Samuel recepcionava aqueles que se aproximavam curiosos. O feriado estava no fim e, pelo menos naquele pedaço, todo mundo se divertiu.
Por Claudia Piccazio
Por Claudia Piccazio
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