12.6.12

SER OU NÃO SER. A QUESTÃO CONTINUA...

Por Luciano Piccazio


Imortal. Não há outra palavra para descrever Shakespeare. Em seu livro Hamlet, obra prima do escritor, descreve um drama humano que é eternamente atual: o drama humano.


O príncipe da Dinamarca, logo no início do livro, tem de enfrentar uma questão: o fantasma de seu pai, recém-morto, lhe aparece e diz que quem o matou foi o tio de Hamlet, que com isso herdou o trono e casou com sua mãe. O espectro lhe pede duas coisas: vingar sua morte matando o próprio tio e resgatar sua mãe, que está como que cega para tudo que lhe rodeia.


Ser ou não ser, viver ou não viver, enfrentar o seu destino ou permitir que este lhe apareça como uma torrente, uma onda de dez metros de altura a lhe devorar. E a questão lhe devora durante todo o livro.

É a nossa vida. De todos e de cada um em particular. No caso de Hamlet, sabe que ao realizar o desejo de seu pai estará escrevendo seu próprio destino: “o mundo está de pernas pro ar. Infeliz de mim ser a pessoa escolhida para consertá-lo”.

Shakespeare, gênio, prevê o mundo que lhe seguirá. Lá, em meados dos anos 1600, percebe que o mundo que o seguirá (e que hoje nos preenche) é um mundo de aparências, um mundo repleto de pessoas que “parecem”, mas que na verdade não “são”. Quando sua mãe lhe diz que está parecendo estranho, responde: “parece? Ignoro o que seja parecer”. Ao mesmo tempo em que recusa o universo das aparências, percebe que é necessário jogar o jogo para conseguir levar a cabo sua missão: se faz de louco (parecer) para conseguir manter-se são (e salvo), num mundo que está cada vez mais louco.


E nós? Somos ou parecemos? Somos ou não somos? Mais vale sermos passivos num mundo que nos recebe com pedras e setas ou resistir e enfrentar este mar de provações e provocações de frente, com a cara e a coragem?


É a questão que continua atual e imortal...


(publicado no site area geek http://www.areageek.com.br)







Um comentário:

Carol disse...

Ótimo texto! É nossa eterna reflexão!