28.11.06

Boris Gaquere e Renato Martins – Sesc Avenida Paulista – 28/11/2006

Obrigado por essa hora feliz

A mistura excêntrica de um violonista belga com um percussionista brasileiro seria, no mínimo, interessante. Com esta expectativa me dirigi até o Sesc da Avenida Paulista, afinal aquela variedade de influências e melodias atraia meu ouvido curioso. Após passarem pela Europa, Japão, Taiwan e Coréia, Boris Gaquere - o belga - e Renato Martins chegaram ao Brasil para lançarem seu CD “Tempo Feliz”, com composições próprias e de autores consagrados como Baden Powell e Paulo Balineti.

O auditório estava lotado quando o show começou pontualmente às 19 horas. Poucos instrumentos, mas um som complexo: notas rápidas e percussões que encaixavam na melodia. Boris Gaquere apresentava uma técnica magnífica: por vezes a impressão era que havia mais dois ou três violões no palco ou que ele tinha mais que cinco dedos, tamanha era sua velocidade. O entrosamento entre os dois músicos era evidente e inspirava segurança em todos os presentes. O público era formada em sua maioria por adultos e idosos, naturalmente fãs de música clássica e freqüentadores assíduos do programa “Instrumental Sesc Brasil”, que traz convidados cada vez mais célebres.


Renato Martins possui uma técnica singular e que realmente deixa qualquer pessoa atônita: em um simples vaso de barro ele cria diversos sons. Com a palma aberta ou fechada, nas pontas dos dedos ou ao tampar e abrir a saída de ar, o percussionista brasileiro encaixa efeitos essenciais para as musicas bem escolhidas para o show. Não há mais palavra para definir o talento ali apresentado que não seja: chocante. Apesar de alguns solos ultrapassarem o limite de cansaço, todo o público correspondia com aplausos que se tornaram cada vez mais fortes após grandes destaques, como “Baile Funk”, “Sai do Chão” e “Pulo do Gato”.



Boris nem parecia belga, se não fosse o sotaque apresentado entre cada canção: com arranjos tradicionalmente brasileiros ao extremo e o complemento perfeito de Renato, o violonista assemelhava-se mais a um experiente integrante da Bossa Nova. A brasilidade ali apresentada era evidente, atraindo sorrisos, pés batucantes e gritos ensandecidos. A simpatia e carisma apresentado por piadas e diálogos diretos faziam com que não quiséssemos nos retirar do auditório. Porém, após mais uma bela música intitulada “Obrigado”, e alguns bis, o show acabou. Mas eles nem precisava agradecer. Obrigado, dizemos nós, aos dois!

Custos:

Total: R$ 0,00

Nota - 8,5

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