7.11.06

Galope - CineSesc – 06/11/2006

Refletindo a galope

Não havia mais de vinte pessoas na sala de cinema do Sesc quando o filme começou a ser rodado. Definitivamente o cinema polonês não é algo que atraia um público realmente grande, e o horário, no meio da tarde, também não favorecia. Porém, minha recente paixão por cinema e uma enorme curiosidade típica de jornalista me levaram animado ao local.

A mostra faz parte de uma iniciativa da Embaixada da Polônia para divulgar a cultura de seu país. O foco é a produção do diretor Krzystof Zanussi, que na verdade, não tem ligação direta com nenhuma corrente do cinema polonês. Porém, trata-se de um premiado e prestigiado diretor europeu. Serão exibidas durante toda a semana diversas produções, desde as mais antigas, de 1980 (Constans), até a mais recente, de 2005 (Persona non grata).

O filme daquela tarde era “O Galope”, rodado em 1995, mas com a história situada em um passado não muito distante em que a Polônia ainda vivia sob o regime socialista imposto pela extinta União Soviética. Dentro deste momento político, Hurbert, um jovem garoto do interior da Polônia, tem que se mudar para Varsóvia e morar com uma tia distante. Tudo isso visando driblar problemas com o governo. Chegando na capital ele encontra a sua tia, que foi criada na roça e nutre a mesma paixão por ele: os cavalos.

O que mais impressiona no filme desde o seu início é a direção de fotografia. Luzes bem trabalhadas e cores bem escolhidas dão um traço leve e sensível durante todo o filme. Além da atuação responsável e envolvida da maioria dos atores, que demonstravam em suas atitudes o conhecimento total do sofrimento vivido naquela época de transição do país. Apesar das legendas em inglês que ainda apareciam na tela e de algumas cenas desnecessárias, a produção faz com que a obra não perca seu valor durante todos os cem minutos.

O problema de adaptação enfrentado por Hurbert a um novo mundo mais cruel e malicioso faz com que reflitamos sobre questões simples e importantes que nem sempre reparamos na nossa vida. O contexto histórico é a marca principal deste trabalho, mas a busca pela reflexão é provada em cada cena. Sem que se perceba, já estamos envolvidos nos conflitos do jovem garoto e todas as suas dúvidas e confusões.

A surpresa diferente e interessante no final do filme retrata a genialidade do diretor e explica o envolvimento do elenco e da produção que foram sentidos durante toda a obra. Voltando para casa não consegui parar de refletir sobre aquelas questões levantadas durante o filme. E essa é a beleza do cinema!

Nota – 8

Custo
Transporte – R$ 0,00 (ida e volta a pé)

por Allan Brito

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