19.11.06

Sérgio Milliet e as Bienais - CCSP - 19/11/06

Moderno, sempre

Andar pela exposição Sérgio Milliet e As Bienais é resgatar a história da arte moderna no Brasil. Sérgio foi diretor da Biblioteca Municipal e do Museu de Arte Moderna de 1952 a 1957, e lutou para que esse tipo de arte fosse bem aceita por aqui. A exposição reúne algumas obras expostas nas primeiras Bienais, realizadas no MAM quando Sérgio era diretor.

Entrei na sala onde estão expostos os quadros, e começei, cronologicamente, pela parte esquerda. Rascunhos e pinturas de Tarsila do Amaral, Lasar Segall, Anita Malfatti, Di Cavalcanti e outros. Alguns quadros impressionam pela simplicidade, outros pela forma complexa de se transmitir uma mensagem simples.

Um dos quadros mais belos é de Oswaldo Goeldi, intitulado Tubarão. Um tubarão posto numa liteira, num dia calmo qualquer. O quadro é todo traçado com linhas horizontais, e nelas o céu, o mar e o chão fazem parte da mesma substância. Goeldi usa tons de amarelo, laranja e marrom para compor um quadro que não nos dá certeza de que se está admirando um pôr ou um nascer do sol.

Outro de babar é um quadro do polonês Jacob Steinhardt. Uma cidade decadente vê uma mulher levando dois baldes amarrados um em cada ponta de uma vara que leva às costas; possivelmente foi buscar água no poço. Cores tensas, carregadas de intencionalidade ao descrever aquele mundo como prestes a ruir. Ou já em ruínas.

Milton Dacosta também está representado, e muito bem. Seu quadro Namorados (fig. 1) é bem ao estilo Pablo Picasso. Um rosto dividido ao meio, e cada metade representa um dos dois namorados, como se fossem uma pessoa só, mas mantendo as devidas individualidades. Usa cores fortes, como o azul e o amarelo.

As obras vão ficando mais e mais abstratas, até chegar a um abstrato total, nos quais títulos pouco ou nada importam. Obras de Geraldo de Barros, Rubem Valentim e Anatol Wladylaw (ao lado) compõe parte deste cenário de negação da negação, que compôs o cenário artístico brasileiro e mundial principalmente nos anos cinqüenta e início dos sessenta.

Vale a pena visitar o antigo Centro Cultural Vergueiro, atual CCSP. Além dessa exposição, há algumas outras mostras rolando no lugar que, se não são igualmente boas, valem a visita.

Nota – 9

Custos
Café – R$1,00
Pão-de-queijo – R$1,20
Transporte (fui e voltei a pé)
Total – R$2,20

Um comentário:

Anônimo disse...

Poxa, muito bom o blog! Parabéns!