10.8.06

Tokyo-Ga - CCSP - 09/08/06

Tokyo-Ga
Centro Cultural São Paulo, 15:30. Filme: Tokyo-Ga, parte da mostra Wim Wenders de cinema. O filme tem início às 16 horas na sala Lima Barreto. Cheia.

Acomodo-me num dos 110 lugares que a sala oferece, e não ouço barulho de pipoca. Sim! Ninguém estava com um daqueles mega-giga-combo de pipoca e, não sabendo ao certo porquê, fico feliz. E menos ainda porquê, digo isso aqui.

Porém, a felicidade é momentânea... O filme começa e a primeira cena, de cinco minutos, é falada em japonês. Com legendas em francês. A indignação da sala, que presumo por causa do barulho ela fez, é desfeita já na segunda cena, que as legendas passaram a ser em português.

Tokyo-Ga é um documentário sobre o cineasta Yasujiro Ozu (1903 – 1963), que influenciou o cinema japonês com seu estilo de proximidade, planos filmados a baixa altura e planos estáticos. Wim Wenders, idealizador e diretor do documentário, é também o narrador. Em primeira pessoa, o filme, que data de 1985, é um retorno à Tóquio perdida, que era retratada com precisão nos filmes de Ozu.

Tóquio é filmada em seus detalhes. As cenas longas retratam paisagens diferentes como os trens, sempre seguido de um comentário sobre os filmes de Ozu, que mostrava muitos trens como paisagem; as inúmeras e cheias salas de fliperamas, com comentários de tipo: “Esses jogos têm um incrível efeito hipnotizador de compaixão”; e ainda os estádios improvisados para a prática do golfe, o que foi curioso, pois eu não sabia que no jogo de golfe japonês, o objetivo é acertar a bola no alvo que está pendurado numa parede, e não no buraco do chão, como convencionalmente se faz.

É neste instante que o filme pára. Aos 15 minutos para as cinco da tarde. Algumas pessoas levantaram, como que se estivessem esperando uma desculpa mais plausível para saírem da sala.

O filme volta cinco minutos depois. A próxima cena duraria 20 minutos, num ensinamento de como se faz a montagem dos alimentos encerados, que ficam nas vitrines dos restaurantes. Exatamente, 20 minutos! Nessa hora reparei nas muitas pessoas saindo da sala.

Outras passagens do filme: entrevista com o ator Chishu Ryu, que participou de muitos filmes de Ozu, e uma com Yuharu Atsuta, que fora seu assistente. Um acompanhou o narrador/diretor ao cemitério que abrigava o corpo de Ozu. O outro, mostrou-lhe um cronômetro que havia sido herdado do chefe, e discorreu acerca da sua pontualidade.

O filme tem sua segunda parada. Seria um intervalo? O fim do filme? Não. Novamente atribuiu-se à tal falha técnica. Outras tantas pessoas levantaram. Mas eu não iria levantar. Alguma coisa me levava ao final do filme... um clímax tardio?

Depois de alguns minutos o filme retorna e conclui: um trem passando, um barco no rio e um diálogo em japonês com legendas em francês. Pois é, nada me levava ao final do filme... Mas isso eu só descobri no fim.
Nota: 5
Custos: 1,00 (bilhete único estudante) ida + 1,00 volta + 2,60 capuccino = 4,60

Um comentário:

Arte Free disse...

nossa, adorei teu texto! principalmente o primeiro parágrafo
quase fui nesse filme... ainda bem nao fui