A atriz virgem
por Carolina Bataier
Martinha, como era conhecida por essas bandas, de repente cismou que queira fazer teatro. Mas os tempos eram outros. Anos 80. E Martinha, moça simples do interior, dessas que vão à missa todo domingo acompanhada dos pais. Dessas que não sabiam o que era decote ou mini-saia. Moça pra casar, como dizem por aqui.
Chorou. Bateu o pé, até que papai deixou. Então a mocinha juntou-se ao grupo de teatro da cidade. Desses simples também, sem dinheiro. Funcionava à base de paixão. Começaram os ensaios. A peça, “O homem do princípio ao fim”, do Millôr. Martinha estava ansiosa. E qual não foi sua euforia ao receber o papel de Molly. Ah! Mas que falas lindas. Uma mulher forte!
Martinha, cada vez mais empenhada em sua personagem. E cada vez mais inspirada em dizer os tantos “sins” que saiam da boca de Molly. Depois de seis meses de ensaio, Martinha pergunta para o diretor: “afinal, quem é Molly?”. Então veio a revelação: Molly era, na verdade, uma prostituta! E aqueles “sins” que ela gritava eram expressão de sua abertura, sua entrega, seu exagero. Martinha enrubesceu e declarou calmamente, no seu tom interiorano: “Ah nããão! Esse papel eu não faço de jeito nenhum. Papai e mamãe vão estar na platéia... Papai me põe pra fora de casa!”.
O diretor, paciente, tenta convencer a menina, dizendo que ela pode abrandar as falas. Talvez o pai nem note quem realmente é Molly!
E é o que a moça faz. Corta aqui, corta ali e não sobrou “sim” nenhum. Acabou-se todo o entusiasmo de Molly e ela por pouco não vira uma freira.
Passando para a segunda fase da peça, Martinha interpretaria uma virgem. Vai o diretor fazer sua parte: “Martinha, minha querida, faz uma virgem beeem virgem. Pensa na virgem mais virgem que você já viu!”.
Martinha enrubesce novamente, mas dessa vez perde sua calma e grita em alto e bom tom: “Mas eu sou virgem!”.
E no dia da apresentação, sobre o palco surgiram duas virgens: uma mais virgem que a outra.
Chorou. Bateu o pé, até que papai deixou. Então a mocinha juntou-se ao grupo de teatro da cidade. Desses simples também, sem dinheiro. Funcionava à base de paixão. Começaram os ensaios. A peça, “O homem do princípio ao fim”, do Millôr. Martinha estava ansiosa. E qual não foi sua euforia ao receber o papel de Molly. Ah! Mas que falas lindas. Uma mulher forte!
Martinha, cada vez mais empenhada em sua personagem. E cada vez mais inspirada em dizer os tantos “sins” que saiam da boca de Molly. Depois de seis meses de ensaio, Martinha pergunta para o diretor: “afinal, quem é Molly?”. Então veio a revelação: Molly era, na verdade, uma prostituta! E aqueles “sins” que ela gritava eram expressão de sua abertura, sua entrega, seu exagero. Martinha enrubesceu e declarou calmamente, no seu tom interiorano: “Ah nããão! Esse papel eu não faço de jeito nenhum. Papai e mamãe vão estar na platéia... Papai me põe pra fora de casa!”.
O diretor, paciente, tenta convencer a menina, dizendo que ela pode abrandar as falas. Talvez o pai nem note quem realmente é Molly!
E é o que a moça faz. Corta aqui, corta ali e não sobrou “sim” nenhum. Acabou-se todo o entusiasmo de Molly e ela por pouco não vira uma freira.
Passando para a segunda fase da peça, Martinha interpretaria uma virgem. Vai o diretor fazer sua parte: “Martinha, minha querida, faz uma virgem beeem virgem. Pensa na virgem mais virgem que você já viu!”.
Martinha enrubesce novamente, mas dessa vez perde sua calma e grita em alto e bom tom: “Mas eu sou virgem!”.
E no dia da apresentação, sobre o palco surgiram duas virgens: uma mais virgem que a outra.
Carolina Bataier é estudante de jornalismo
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