5.9.06

Coexistence - Parque do Ibirapuera - 04/09/06

Linguagem sem fronteiras

Quatro e quinze da tarde de uma segunda-feira gelada. Após a tentativa frustrada de visitar uma exposição na passagem subterrânea da Consolação, sigo rumo ao Centro da Cultura Judaica para informar-me sobre uma certa “Exposição Coexistence”. Percebam que digo ‘informar-me’ porque realmente foi só o que pude fazer. O Centro de Cultura é um lugar ótimo e promove uma programação paralela de atividades culturais e de entretenimento, mas a exposição mesmo, e isso eu só descobriria às 17h, está na Praça da Paz do Ibirapuera. Corri para lá.

São 45 painéis 3 x 5m dispostos pela praça em molduras de alumínio. O conteúdo: imagens feitas por 42 artistas de toda parte do mundo, simbolizando o desejo de uma convivência pacífica entre os povos. Abaixo das imagens foram encaixadas placas com citações traduzidas em quatro línguas, de Einstein, Nelson Mandela, Freud, Roosevelt, Dalai Lama e muitos outros. Todas elas passam alguma mensagem sobre grandes questões da humanidade (guerra, racismo, democracia, liberdade e, em geral, a vida em sociedade).

A monumental e itinerante exibição começou em maio de 2001 em Jerusalém, em resposta à violência exibida nos muros da cidade velha, que liga os portões dos bairros cristão, muçulmano e judeu. Desde então, já passou por 24 cidades, entre elas Sarajevo, Berlim e Washington. Concluí que o objetivo é disseminar a idéia de uma coexistência baseada em diálogo e respeito. O Brasil, pela origem de seu povo, é um dos lugares mais propícios para se semear tais ideais. E é interessante observar que, enquanto discutimos uma suposta ausência de identidade nacional, o mundo suplica por uma integração de culturas como a nossa.

Os painéis têm como principal característica a linguagem subjetiva. Entre eles: um corvo branco em meio a outros, negros; homens com códigos de barras impressos nas costas; Monalisas feitas de bandeirinhas de vários países; ‘uma ponte para o entendimento’ (‘a bridge to understanding’) entre os vultos de duas pessoas; e o meu preferido, a união dos nós dos dedos de mãos brancas e negras dando um incrível efeito visual à fotografia. Assim como as mensagens escritas, cada imagem passa uma crítica ao racismo, a idéia de que somos todos iguais ou simplesmente a possibilidade da coexistência.

Em cores vivas, ou muitas vezes no jogo do branco com o preto representando raças diferentes, os desenhos e as fotos chamam a atenção dos que passeiam pelo parque Ibirapuera. O local tem boa iluminação, uma tenda de informações e seguranças o tempo todo. Aconselho que visitem a exposição, participem das atividades e, é claro, coexistam!

Atividades paralelas
Quando: Segunda a sexta-feira, das 10h às 21h; sábados e feriados das 14h às 19h; domingos das 11h às 19h. Até 15/11
Onde: Centro da Cultura Judaica (rua Oscar Freire, 2500 – ao lado do metrô Sumaré)

Nota: 9,0

Custos:
R$ 2,10 – metrô até Sumaré
R$ 2,10 – metrô até Brigadeiro
R$ 0,00 – a pé da Paulista ao Ibirapuera (péssima idéia!)
R$ 2,00 – ônibus de volta pra Paulista
total: R$ 6,20
fotos e matéria por Gaia Gonçalves

Curadoria: Ralphie Etgar

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