"Qualquer pra quem quer!"
Andam dizendo que Arnaldo envelheceu. Que já não grita mais. Perdeu o tom de protesto. Caiu em voz e violão. E até mesmo desarrepiou os cabelos. Preciso confessar que, como fã, fiquei receosa.
Uma fila imensa na Fnac Pinheiros. Mesmo sabendo que todos os ingressos já tinham sido entregues, as pessoas permaneciam por ali, na esperança de conseguir ver de perto Arnaldo Antunes - ou ao menos ouví-lo.
SOBRE O SOM
Na primeira meia hora do “pocket show”, o redator-chefe da Revista Bravo, Ricardo Lombardi, entrevistou o cantor. Questionado sobre a ausência de seus gritos peculiares neste novo cd que está lançando, “Qualquer”, Arnaldo falou sobre a rotulação que a mídia faz dos artistas. “A gente tá mais pra confundir do que pra explicar”, disse rindo. Seu novo cd é o mais distante do rock, e Antunes diz respeitar sua necessidade de expressão artística. Há treze anos, desde que iniciou carreira solo, o cantor e compositor vem buscando novas formas de expressão.
Falou um pouco sobre a gravação de “Acabou Chorare” e sobre sua admiração pelos Novos Baianos e João Gilberto; também falou das parcerias antigas e recentes e sobre seu processo de criação.
O repórter perguntou sobre a produção de livros, e se existe uma competição entre as duas formas de arte. “Mais do que competir, elas se completam, preenchem espaços vazios” afirma. Diz que está se adequando a uma época em que existe esse trânsito de criações. E, para finalizar, é questionado sobre a atual democratização dos meios de produção artística. Arnaldo considera a Internet um veículo democrático mas não sabe exatamente como essas novas tecnologias vão funcionar junto aos meio convencionais. “Ainda estamos na pré-história de uma coisa que está nascendo”, conclui.
Palmas e gritos: é hora de vê-lo cantar!
E SOBE O SOM
Antes de começar, Arnaldo lembra que a apresentação só teria trinta minutos e que, portanto, havia escolhido dez canções do novo cd, mas que logo estariam fazendo outros shows e os fãs teriam a oportunidade de ouvir as músicas antigas. As parcerias com Cezar Mendes, Chico Salem e Dadi Carvalho resultam em um entrosamento profissional. No palco os artistas trocavam olhares, sorrisos e pequenos comentários. Todos muito profissionais e ao mesmo tempo à vontade, dando um clima informal ao show. Arnaldo Antunes misturou em seu som as cordas dos violões, o piano e teclado e até mesmo uma acordeom, e ficou claro o quanto amadureceu musicalmente - como ele próprio havia dito. O resultado que assistimos nesse show comprova a apuração musical do artista, embalada pelo tom grave de sua voz facilmente reconhecível.
O público, durante todo a apresentação, intercalou as palmas efusivas - ao final de cada canção - com o silêncio - na maior parte da apresentação. Os músicos se despediram e deixaram o palco vazio. Foi o momento em que todos pediam “bis” e aguardavam o retorno dos quatro músicos ao palco. Arnaldo e a banda não só retornaram como fizeram o gosto da galera: tocaram mais três músicas, todas de repertórios antigos. Não teve como ficar parado e o coro foi uníssono e emocionante. “Não dá vontade de ir embora”, afirmou o cantor. E quando todos começaram a gritar nomes de canções que gostariam de ouvir, Antunes riu e fez com as mãos um gesto de “calma”. Nada melhor do que fechar o show ao som de “Judiaria”, com direito a ver Arnaldo saindo do palco e indo em direção ao público.
Mais uma fila se formava, agora para pegar o autógrafo e tirar fotos com Arnaldo Antunes. Todos aguardavam com seus cd´s e caderninhos na mão, e um sorriso que confessava: estavam satisfeitos com o show.
Ah, se todos envelhecessem assim...
Custos
Transporte – R$ 1,00 (ônibus com bilhete de estudante, na ida. Volta de carona)
Total – R$1,00
Nota - 10
Set List
Qualquer - Sem Você - Hotel - Dois Perdidos - Acabou Chorare - Para Lá - Lua Vermelha - Num dia - Contato Imediato - As Coisas
Bônus – Fim do Dia - Socorro - Judiaria
3 comentários:
OMGGGGGGGG arnaldo de cabelo normal???? isso vai contra qq principio meu... mas vamos esperar... espero q ele volte a ficar um pouco rebelde... pelo menos nos cabelos...
bjos.. e legal seu relato
Então....Rebeldia não esta no corte de cabelo...Caretice é ele usar o mesmo corte de cabelo e a mesma camiseta branca/calça preta de sempre...E a música???....Emocionante,muita emoção como sempre....No grito,na contenção expansiva....para toda vida....Não qualquer somente...Arnaldo Augusto Nora Antunes Filho
Fê, que bom vc ter ido pra contar aqui como foi!
Queria te ido!
Parabénssss, as suas colaborações estão cada vez melhores!
Bjos
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