6.9.06

A Professora de Piano - Cinusp - 06/09/06

Schubert e o rei nu

Sento-me vinte para às sete em uma das cadeiras do Cinusp e espero começar o filme A Professora de Piano. Pouco a pouco universitários, geralmente em casal, entram no cinema e acomodam-se.

São boas cadeiras, e não há ingressos. É um lugar para entrar e sentar, mesmo durante o filme. Isso faz com que a casa tenha um clima mais amistoso, como se tivéssemos assistindo a um filme em nossa sala, e amigos fossem abrindo a porta de tempos em tempos para sentar e assistir.

Professora de Piano é visceral, um filme recheado de simbolismos pronto para retratar a insanidade. Insana é a mãe, insana é a filha, insano é o estupro que não houve.

A faca no peito de Erika choca menos do que o beijo que dá em sua mãe. Choca menos, talvez, do que as cordas e algemas que tira debaixo da cama e entrega ao seu amigo, com um pedido.

Logo no começo do filme temos uma chuva de Beethovens, Bachs e, principalmente, Schubert. Este último, cuja loucura foi companheira nos tempos de velhice, retrata e dá toques e cores intensas. Pesadas. Desesperadoras. Estranhas.

O filme contrai e ao longo dos minutos se torna mais e mais pesado.

Às oito horas, troca de rolos de filmes, como havia avisado a direção da casa anteriormente. O engraçado é que a troca trouxe à tela um filme diferente.

As músicas quase que param. A conturbada e impiedosa professora de piano mostra-se agora também cruel e doentia. Seu affair, Walter, percebe talvez tarde demais.

É o momento do filme em que o que está exposto é a vida. Cruel, nua e viril. A subtração de sentimentos contrastando com o real e com o social.

O filme é para estômagos fortes, e pode causar insônia e má digestão. Ver como personagens tão insólitos podem se aproximar do real de maneira assustadora, mesmo sendo, todos, loucos. É disso que o filme se trata, afinal.

Custos
Transporte – R$ 2,00 (ônibus, ida e volta no bilhete único)
Cafés e salgado – R$ 2,00
Total – R$ 4,00

Nota - 9

(imagens de divulgação)

4 comentários:

Anônimo disse...

E a loucura é o q salva!

Anônimo disse...

Po, acho que preciso ver esse filme de novo...

Carol Reis disse...

Conheci o filme numa aula com um professor que achava graça em chocar menininhas de moda com cenas fortes.
Logo, vi todas as cenas fortes do filme antes de saber do que a história se tratava.

Com a história, o filme é bem menos chocante e acredite, mais agradável.

Mas não posso deixar de dizer que excesso de realidade dá mesmo indigestão.

:)

Anônimo disse...

É confesso que não havia lido direito mesmo. Ficou muito bom. Luc Limas