20.10.06

27ª Bienal de Artes de São Paulo – 19/10/06

Vivendo Junto


Esculturas, gravuras, instalações, pinturas, vídeo arte, fotografia. Na 27ª Bienal há espaço para todas as linguagens artísticas viverem juntas. Artistas de diversos países, em diferentes linguagens, sob diversas óticas tratam do tema, que não por acaso é “como viver junto”.

Fotografias mostram o retrato das guerras civis africanas, um dos resultados cruéis de não saber viver junto. Biscoitos de Durepoxi em forma de balas, revólveres e ônibus queimando nos fazem ver como o caos e a violência urbana entrou no nosso imaginário e como convivemos com ela.

Mas há também formas menos agressivas (e não menos criativas) de se conceber a idéia de viver junto: o que dizer da encantadora maquete de Recife feita de açúcar? Recife revisitada, que conta com monumentos como o Arco do Triunfo, a Torre Eiffel e o Edifício Copan; o mundo inteiro cabe na Recife do açúcar, ou feita de açúcar. Há também uma mesa com inúmeros pães com bandeiras de vários países. A mensagem é simples: somos diferentes, mas essencialmente iguais. Podemos viver juntos.

Entre as instalações, a que mais me chama a atenção, pela violência e criatividade, é uma caixa de papelão gigante, na qual o visitante entra e é obrigado a ver escancarada uma realidade que tentamos o tempo todo ignorar. Livros (Hegel, Foucault, Arendt, Orwell) pregados lado a lado com porcas, parafusos, chaves de fenda e fotos de pessoas mutiladas em acidentes de trabalho ou por fruto de suas próprias loucuras. A sociedade de exclusão, de paranóias, de separação entre pensar e fazer. Será que conseguimos mesmo viver juntos?

O espaço da bienal parece ser menos cruel do que o mostrado nessa instalação; lá, pelo menos, as diversas linguagens artísticas vivem juntas, quando não se complementam, dividem o mesmo espaço, interferindo umas nas outras, construindo novos sentidos, dialogando entre si e o visitante, aproximando-se dele através da interatividade e da inevitável proximidade de quem fala de temas tão recorrentes no cotidiano.

A Bienal é imensa, o sentido e interpretações do tema são inúmeros e relativos a cada visitante; poderia ficar horas discorrendo sobre os milhares de pensamentos que me vieram à cabeça ao olhar cada obra. Mas a Bienal não cabe numa matéria, é necessário ver de perto e viver junto com as obras por uma tarde, para assim compreendê-las por inteiro.

Nota - 10


Custos - 3 reais (R$2 de transporte e R$1 por um salgadinho)

Um comentário:

Anônimo disse...

Eu já tive a oportunidade de ir na bienal 2 vezes..e acho que ainda vou mais 3...é meio que impossivel vc ver td em um dia...que dizer...se vc naum tiver senso critico e naum querer analizar as obras cm conteudo e sim cm estetica...talvez vc veja td em um dia... e ainda sobra tempo pra compra uma revista veja quando estiver voltando pra ksa...
eu comparo esta bienal com a anterior...e pra ser sincero naum fico tão surpreendido naum...acho que e facinei pela 26°...mas naum que a 27° seja ruim naum...ela é até muito boa...a vai dize que vc vai no museu do louvre e vai gostar de tds as obras...naum...cada um tem seu ponto de vista... e pra facilitar e ajudar a satisfazer cada pessoa...a bienal é feita com obras do mundo inteiro...por exemplo ...eu fiquei facinado por uma obra de uma artista da Africa do Sul...o nome da obra é security/segurança...muito loka..

outra tbm muito interessante a uma instalção...onde estão postas na parede algumas jaquetas com frases interessantes...coisa simples mais com um grande impacto
Digo aos que estão em duvida de ir ou não...bom...vá...naum fique na duvida...organize um grupo...marque monitoria...pode ter certeza que vai valer a pena

Valews

Israel