18.10.06

Ray Moore – Sesc Av. Paulista - 17/10/2006

O Jazz agradece

Faltavam 10 minutos para o horário previsto do show e o teatro do Sesc, com capacidade para 230 pessoas, estava completamente lotado. Ainda houve um pequeno atraso para que se colocassem mais cadeiras, e assim acomodar ainda mais pessoas. A busca por aquela atração internacional era grande; afinal há 2 anos Ray Moore não vinha ao Brasil - apesar de encarar o país como sua segunda casa.

Acompanhado por Paschoal Meirelles (bateria), Dario Galante (piano) e Zé Alexandre (baixo), o saxofonista, flautista e clarinetista americano de New Orleans entrou no palco e abriu sua apresentação com “Groovy Samba”, de Sergio Mendes - apresentada de forma muito segura e com inclusões de solos dos músicos. Eram perceptíveis os olhares de admiração de todos ali presentes.

Após as devidas apresentações, Ray Moore começou a conversar com todos em inglês. Porém, logo arriscou um bom português com forte sotaque. Por meio de algumas brincadeiras e de seu jeito simples de lidar com o público no intervalo das músicas, facilmente conquistou a todos. Mas não era só esse seu único instrumento de conquista: a técnica musical fantástica era o que mais chamava a atenção e fazia com que um senhor ao meu lado assistisse boquiaberto a grande parte das músicas.

Para provar o amor que havia declarado minutos antes pelo Brasil, Ray tocou “Minas”, composição dele mesmo em homenagem a Minas Gerais. Depois, seguiu seu set list com uma variação interessante de tons e ritmos. O Jazz estava sempre presente, mas por vezes era mais lento, quase lembrando alguns boleros, por vezes era mais animado, quase remetendo ao samba. Destaque para a interpretação emocionada de “Do you Know What it Means – To Miss New Orleans”.

Os músicos que o acompanhavam, apesar de não tocarem juntos há anos, apresentavam um entrosamento surpreendente. Em sintonia marcante com o estilo, esbanjavam técnica. O único ponto fraco eram alguns solos desnecessários incluídos em algumas músicas. Porém, a agilidade de Pascoal unida à base densa do baixo de Zé Alexandre formavam uma base sólida e segura, enquanto o piano de Dario encantava com a sua precisão de notas e acordes. A riqueza instrumental se tornou ainda maior quando Ray Moore convidou Renato Farias para tocar trompete no palco. A escolha da música “Naná”, de Moacir Santos, não poderia ser melhor, e a animação vista no palco fez com que a noite já valesse a pena só por aqueles 10 minutos.

O show estendeu-se mais do que o previsto, mas nem parecia. O público presente aprovava o show com gritos empolgados após as canções e interpretações do instrumentista americano, que mais parecia um brasileiro, tamanha a intimidade conquistada. De pé, todos se despediram com aplausos fortes e até ritmados em mais uma brincadeira de Ray, que agradecia insistentemente o carinho recebido. Mas ele não precisava, o Jazz é que ganhou um belo presente nessa noite.

Custos:
Transporte – R$ 0,00 (ida e volta a pé)
Total – R$ 0,00

Nota – 9

por Allan Brito

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