28.10.06

O Masculino na dança – CCSP – 27/10/06

Como ler um corpo que dança

Christine Greiner, professora do Departamento de Linguagens do Corpo da PUC/SP, sobe ao palco. As pessoas ainda se acomodam em seus assentos para assistir às apresentações quando ela começou a falar. Todas as sextas-feiras neste espetáculo, O Masculino na Dança, ela dá uma mini-palestra para o público, com o objetivo de instruir e conversar sobre dança contemporânea, sempre abordando um aspecto diferente.

O tema da palestra foi “A dança contemporânea e jornalismo cultural”. Reclamou que os jornalistas culturais só cobrem as mega-produções, aquelas que custam uma fortuna. Disse também que muitas pessoas ainda não aprenderam a ver dança contemporânea, e vão ao espetáculo ainda com aquele formato do formato do ballet na cabeça – e normalmente se decepcionam.

Apagaram-se as luzes e no palco surge um dançarino com um cachorro Pluto de pelúcia. Começa a se mexer e interagir com o animal, e seu corpo mostra a flexibilidade de uma marionete.

A afeição do personagem pelo bicho de pelúcia, seus movimentos que foram deixando cada vez mais claros sua mensagem e o vídeo que passava enquanto dançava criaram um ambiente que deixou público animado. Comentavam e riam da ótima apresentação de Milton.

O segundo a se apresentar foi Marcos Buiati. Com muitas semelhanças com a primeira apresentação, Marcos também mexia seu corpo como se esse fosse um objeto. A imagem é a de uma pessoa manuseando um objeto, mas o controlador e o controlado são, no caso, a mesma pessoa.

Marcos começou a dançar e não havia música, passos estranhos que mostravam que alguma coisa estava fora de lugar. Quando começou a música, para surpresa geral, parou. Depois de alguns momentos voltou a dançar, e assim seguiu até o fim. Parecia completar a apresentação anterior.

Thiago Arruda Leite foi o primeiro a usar sapatos (os outros estavam descalços), e dançava ao som era um hip-hop, sob um foco único de luz. Porém, aquele foco único parecia não bastar. O hip-hop tem vários estilos de dança, mas todos muito limitadores, sem espaços para criações ou análises dos movimentos. Dentro do foco de luz Thiago não conseguia dançar. Seu corpo, sozinho, chamava-o para tentar novos passos.

Tanto dançava que um segundo foco de luz apareceu, mas esse também não foi suficiente. Veio um terceiro foco de luz. Até a hora em que o dançarino dá um basta, e os focos de luz somem. No som começa a tocar Marvin Gaye, e Thiago mostra toda a dança que sabe, livre de limitações. Ao final, volta o primeiro foco de luz, mas sua volta é triunfal: pode dançar tudo o que quiser dentro do foco de luz, já que agora é livre.

Alexandre Tripiciano, último a se apresentar, é o dançarino urbano. Aquela imagem do malandro paulistano de trinta anos que gosta de Jorge Vercilo e sair pela noite em busca de diversão. Só que os primeiros momentos desse dançar/viver é desesperador, causa agonia e não vem acompanhado nem de música. Quando começa a tocar uma canção de Marcos Valle, o dançarino parece se transformar, do extremamente triste passa ao extremamente feliz, dançando e sambando ao som da música.

Se fosse dar uma nota para cada uma das quatro apresentações, daria 10 para cada uma delas. Apresentações que valeram a pena individualmente e também em seu conjunto. Ao final, ainda tivemos a oportunidade de conversar com os dançarinos, que, junto com a professora Christine Greiner, responderam as dúvidas da platéia.

Nota – 10

Custos – nada
(fui e voltei a pé)

Apresentações:
-Alguém pra chamar de meu bem
Concepção, coreografia e interpretação: Milton Coatti

-Outras histórias:
Direção, coreografia, figurino e apresentação: Marcos Buiati

-Arruda:
Criação e interpretação – Thiago Arruda Leite

-Parabéns
Criação e interpretação – Alexandre Tripiciano

Um comentário:

Anônimo disse...

e esse site tá cada dia mais bonito heinnn? que orgulho!
beijos panquequinha!
saudades!