17.10.06

Petit Música - Nova MPB, temos de agüentar?

Nova MPB, temos de agüentar?
Por Luciano Piccazio

Toda geração espera e vive as novidades musicais que fazem sentido para aqueles tempos. Rock, em qualquer época, o faz. Talvez pela atitude, talvez pelas letras. Muitas vezes pela sonoridade. MPB também. No Brasil, uma juventude inteira se levantava para ouvir MPB nos discos de vinil, nos Festivais da Canção. Músicas belíssimas, complexas, com letras de compositores do escalão de Vinícius de Moraes.

Estes jovens cresceram, vieram outros jovens. Outra geração, anos 80. Rock volta à tona com Legião, Paralamas e tantos outros. Música boa ainda, um tanto quanto mais simples, mas com letras diretas e liricamente bem estruturadas. As portas da ditadura militar estavam sendo abertas, e o rock aproveitou para chegar chutando.

Nossa geração parece ainda não ter encontrado direito seu rumo. Músicos bons, é claro que há, mas o estilo parece ainda estar na estufa. Enquanto isso, somos forçados a ouvir canções que nunca deveriam ter sido criadas. É o caso da dita “Nova MPB”, nome sugestivo, já que os músicos desse estilo são, na maioria, os filhos dos músicos de MPB.

Jairzinho, Simoninha, Pedro Mariano, Jorge Vercilo e afins, são o que de pior já aconteceu na música brasileira nos últimos cinqüenta anos. Uma música de letras péssimas e sem conteúdo, arranjos feios, repetitivos e enjoativos, harmonias manjadas.

A linha que seguem estes da vertente “Nova MPB” é a linha de Djavan – que já é chato por si só. Mas este até respeito, por ser competente músico, bom letrista. Os outros, que tentaram copiar Djavan, pioraram, e muito, sua sonoridade.

Ouvindo rádio, somos obrigados a escutar essa verdadeira lástima musical. A música não diz nada harmonicamente. A música não diz nada melodicamente. A letra não diz absolutamente nada.

Não se enganem, eles foram estudar música no exterior, tiveram os melhores professores desde cedo. E tudo isso pra fazer essa porcaria.

É preciso que a música de nossa geração saia de seus guetos para fazer barulho e nos permitir uma saída que não ouvir de novo e de novo nossos velhos discos de rock e MPB. Algumas bandas parecem despontar, como Cordel do Fogo Encantado e Teatro Mágico, mas ainda é muito pouco.

Se não surgirem novas bandas no cenário, vamos ficar presos a esta música horrível, que não representa ninguém e veio para não dizer nada. Bandas brasileiras, chegou a hora!

Luciano Piccazio é editor do Blog Arte Free

2 comentários:

Carol Bati Aê disse...

Adorei!

Allan Brito disse...

É preciso muita inovação para que se possa dizer que há uma "nova mpb" e isso realmente não tem acontecido. Só nos resta voltar aos discos antigos e às musicas da boa e velha... Falou td Luciano!!