9.10.06

Gerações (Nivaldo Ornelas e Magno Alexandre) - Sesc Pompéia - 08/10/06

Nada de novo no reino da Dinamarca

Um começo empolgante: jazz pontuado com um leve toque de rock ´n roll, ritmo forte e bons riffs. Será que esse encontro de gerações finalmente mostrará que a nova música instrumental chegou para continuar as conquistas musicais das gerações anteriores? Será que esse espírito de rebeldia, tão necessário para a música, terá seu sucessor? Será aquela primeira música, muito bem tocada e cheia de novidades e mesclas, o começo, a continuação? Não.

A primeira música apresentada foi um aperitivo, e foi só. O show, último da turnê destes instrumentistas, tinha a proposta de ser um encontro de gerações de mineiros. O saxofonista Nivaldo Ornelas, que foi do Clube da Esquina, tocou com Milton Nascimento, Hermeto Paschoal (Festival de Montreux) e tantos outros, traz ao palco Magno Alexandre, guitarrista da chamada nova geração. O esperado para tal proposta era: a geração anterior apresenta ao público o melhor da nova geração, o que ficará quando eles não estiverem mais aqui. Mas isso não aconteceu: Magno não trouxe nada que já não tivesse sido feito à exaustão.

Grandes músicos todos no palco, definitivamente, mas o que se ouviu foi mais um ensaio geral do que propriamente um show. Um Sesc que por horas estava meio cheio, meio vazio, ouviu uma apresentação cujo repertório tentou mesclar o melhor das duas gerações, mas acabou trazendo o que já não se faz mais em nenhuma das duas: músicas sem sal, daquelas que já imaginávamos estar esquecida. Cansam não por serem longas, mas por serem monótonas e repetitivas.

Solos, tanto de Nivaldo, quanto de Magno, ficaram aquém do esperado. Faltou garra, apesar de sobrar técnica. Quem realmente teve uma ótima apresentação foi Kiko Continentino. O tecladista e pianista, que assim como Magno pertence à dita nova geração, misturou vários estilos ao solar e fazer bases, colocava teclados cheios de distorção com pianos de um jazz clássico. Enfim, mostrava que a nova geração tem grandes sim caminhos para percorrer.

As músicas sugeriam viagens. O som tendia mais ao jazz com mais quebradeiras nas quatro composições de Nivaldo e mais ao jazz brasileiro nas composições de Magno Alexandre; tudo bem imagético. Principalmente em razão dos teclados viajantes, era fácil criar paisagens e situações ouvindo o que rolava no palco.

Todos, então, saem do palco, para deixar Magno Alexandre sozinho. Este é o momento! Então estava o guitarrista escondendo o jogo? Agora, sozinho, deve mostrar, com toda a habilidade que já vimos, as novas informações musicais que vem revelar, as rebeldias que traz consigo. Mas não. Magno só tocou um arranjo para guitarra de Casinha Pequenina. Belíssimo, realmente, mas igual a tudo que já foi feito.

Então sai Magno e entra Nivaldo. Sozinho, com uma flauta transversal, começa. Sem soprar a flauta, somente batendo os dedos nas teclas do instrumento, começa a tocar uma cantiga de ninar. Impressionante. Depois, com uma técnica dificílima, canta e toca flauta ao mesmo tempo. Dá ao público um gostinho especial, ao tocar, então, o solo que fez na introdução de Luar do Sertão, num cd ao vivo de Milton Nascimento.

Interage com o público, tocando pequenas melodias que eram repetidas pelas pessoas. Enfim, um banho na apresentação anterior.

Voltam os músicos ao palco e retomam o jazz brasileiro. Um pouco mais de energia, é verdade, mas ainda sim faltava algo. Ao final, o público foi embora sem nem lembrar que havia uma nova geração sendo apresentada. Uma boa banda num dia infeliz, sem grandes solos, sem grandes emoções.

Nota – 7

Custos
R$ 2,00 – Ônibus (ida e volta no bilhete único)
R$ 1,20 – Cafezinho
R$ 3,20 – Total

BandaNivaldo Ornelas – sax e flauta transversal
Magno Alves – guitarra
Kiko Continentino – teclado e piano
Paulinho Braga – Bateria
Sérgio Barroso – Baixo

Set List – 1.Sob Controle – 2.Maracatuaba – 3.American Song – 4.Baião pra Nanda – 5.Dina, cadê você – 6.Solo de Magno – 7.Solo de Nivaldo – 8.Bem Melhor Assim – 9.Modal Frevo – 10.Nova Granada

Matéria por Luciano Piccazio Ornelas
Fotos por Ricardo Marinho

3 comentários:

Anônimo disse...

Oii! Acho que entendo o que vc quis dizer... mas nao teve nada de bom do Paulinho Braga? Ele eh muuuuito bom baterista. Ja ouviu o trio Bonsai?

Anônimo disse...

estava nesse palco, nessa ocasião concordo em termos
não tivemos tempo hábil para passar o som devido a problemas de logística - passagens de avião, hotel distante do sesc e o tradicional trânsito de SP apimentado por um jogo do palmeiras...
talvez por isso o show não tenha "decolado" da forma que deveria, aliás como vários q fizemos pelo estado de minas
de qqer forma, agradeço pela referência ao meu trabalho
kiko

Unknown disse...

Caro critico,
Nao existia nenhuma pretençao de se fazer mais ou deixar para traz o que ja foi feito, apenas fazer parte de uma coisa maravilhosa que é a geraçao do Nivaldo e do Paulinho.É muito facil falar mal , mas sugiro que voce gaste o seu tempo falando mal de musica ruim e nao de musica boa. Desse jeito a musica boa vai acabar e nao terá mais geracoes para contar nada, só uns sertanejos, axé, pagode e funk.
A proposito< Magno Alves é jogador de futebol...