Hollywood is dead
A Trilogia Iberoamericana do uruguaio Martín Sastre é um chute no estômago. Estamos, subitamente, em 2049, numa civilização praticamente destruída, num futurismo esquisito. Então, o próprio Martín, diretor e ator nos filmes, começa a falar o que aconteceu.
A videoarte tomou conta do mundo. Quem tem o controle da ficção tem o controle do futuro, só que nossa geração, nessa sede de notícias reais (reality shows, jornais 24h) levou Hollywood à falência. O fato deixou as pessoas possessas, e a guerra começou.
De repente, Martín Sastre manda uma carta anônima a Kofi Annan (presidente da ONU). Nela, lia-se os dizeres: “Ficção iberoamericana é mais barata”. E assim começou o império iberoamericano, e o mundo redividido. De metade para baixo, é a chamada América. Metade para cima, é Subamérica. Ninguém sabe ao certo quando os bolivianos começaram a escrever suas próprias histórias, mas o fato é que isso fez com que tivessem a hegemonia mundial.
Americanos, esses chatos, querem cruzar a fronteira para fugir para o México. Claro que são barrados. Videoarte agora domina o mundo, e Martín Sastre é um dos líderes do movimento.
Seus curtas-metragens são engraçadíssimos. O público no Sesc Paulista ria muito, e ria alto. Como ficar inerte à imagem de Britney Spears como freira? Ao final do terceiro curta da trilogia, inúmeras notícias fantasiosas de jornal. Numa delas, fala “Bush Jr. ataca o Iraque”. O filme foi feito cinco meses antes ao ataque.
É ácido e é crítico, mas a crítica é feita de dentro para fora. Sastre usa apenas elementos da cultura POP. Suas músicas são as típicas da rádio Kiss FM (rock clássico), imagens rápidas com mensagens claras e cômicas. E seus filmes são em inglês.
Depois dos filmes, sobe Martín para uma conversa. Camiseta dos ramones, corrente no pescoço com uma réplica da Torre Eiffel. Em inglês, começou a contar sobre as idéias de filme que tinha, os motivos.
A primeira pergunta que fez ao público: “quem acha que Bush vai atacar o Irã antes de 2009 levanta a mão (alguns levantam). E quem acha que ele vai atacar a Venezuela (poucas pessoas levantam, incluindo Sastre). E quem acha que vai atacar a Coréia do Norte? (muitos levantam a mão). Bom, isso é quase certo, né?”.
O tempo inteiro em seus filmes, a Subamérica luta contra a América, sempre nesse maniqueísmo. Mas o próprio cineasta corta isso: quando Martín Sastre luta contra Matthew Barney, monstro defensor do império Ianque, em vez de matá-lo quando teve a oportunidade, preferiu perdoá-lo e ficarem amigos. “matá-lo seria a alternativa bélica, a alternativa deles. Não a nossa”.
Apesar de sempre falar nesta luta de primeiros contra terceiros mundos, Sastre disse ter sido bem recebido em todos os países: “nunca fui mal recebido por fazer crítica a esse ou aquele lugar. O único lugar onde as pessoas encaram meus vídeos de maneira diferente é nos países da América Latina. Parecem perceber coisas que até então não haviam se tocado.”
Custos
Refrigerante - R$ 1,90
Salgado - R$ 1,50
Total - R$ 3,40
Nota – 9,5
(imagens de reprodução)
A Trilogia Iberoamericana do uruguaio Martín Sastre é um chute no estômago. Estamos, subitamente, em 2049, numa civilização praticamente destruída, num futurismo esquisito. Então, o próprio Martín, diretor e ator nos filmes, começa a falar o que aconteceu.
A videoarte tomou conta do mundo. Quem tem o controle da ficção tem o controle do futuro, só que nossa geração, nessa sede de notícias reais (reality shows, jornais 24h) levou Hollywood à falência. O fato deixou as pessoas possessas, e a guerra começou.
De repente, Martín Sastre manda uma carta anônima a Kofi Annan (presidente da ONU). Nela, lia-se os dizeres: “Ficção iberoamericana é mais barata”. E assim começou o império iberoamericano, e o mundo redividido. De metade para baixo, é a chamada América. Metade para cima, é Subamérica. Ninguém sabe ao certo quando os bolivianos começaram a escrever suas próprias histórias, mas o fato é que isso fez com que tivessem a hegemonia mundial.
Americanos, esses chatos, querem cruzar a fronteira para fugir para o México. Claro que são barrados. Videoarte agora domina o mundo, e Martín Sastre é um dos líderes do movimento.
Seus curtas-metragens são engraçadíssimos. O público no Sesc Paulista ria muito, e ria alto. Como ficar inerte à imagem de Britney Spears como freira? Ao final do terceiro curta da trilogia, inúmeras notícias fantasiosas de jornal. Numa delas, fala “Bush Jr. ataca o Iraque”. O filme foi feito cinco meses antes ao ataque.
É ácido e é crítico, mas a crítica é feita de dentro para fora. Sastre usa apenas elementos da cultura POP. Suas músicas são as típicas da rádio Kiss FM (rock clássico), imagens rápidas com mensagens claras e cômicas. E seus filmes são em inglês.
Depois dos filmes, sobe Martín para uma conversa. Camiseta dos ramones, corrente no pescoço com uma réplica da Torre Eiffel. Em inglês, começou a contar sobre as idéias de filme que tinha, os motivos.
A primeira pergunta que fez ao público: “quem acha que Bush vai atacar o Irã antes de 2009 levanta a mão (alguns levantam). E quem acha que ele vai atacar a Venezuela (poucas pessoas levantam, incluindo Sastre). E quem acha que vai atacar a Coréia do Norte? (muitos levantam a mão). Bom, isso é quase certo, né?”.
O tempo inteiro em seus filmes, a Subamérica luta contra a América, sempre nesse maniqueísmo. Mas o próprio cineasta corta isso: quando Martín Sastre luta contra Matthew Barney, monstro defensor do império Ianque, em vez de matá-lo quando teve a oportunidade, preferiu perdoá-lo e ficarem amigos. “matá-lo seria a alternativa bélica, a alternativa deles. Não a nossa”.
Apesar de sempre falar nesta luta de primeiros contra terceiros mundos, Sastre disse ter sido bem recebido em todos os países: “nunca fui mal recebido por fazer crítica a esse ou aquele lugar. O único lugar onde as pessoas encaram meus vídeos de maneira diferente é nos países da América Latina. Parecem perceber coisas que até então não haviam se tocado.”
Custos
Refrigerante - R$ 1,90
Salgado - R$ 1,50
Total - R$ 3,40
Nota – 9,5
(imagens de reprodução)
Um comentário:
Meu! Esse cara deve ser muito bom!
Fiquei louca pra conhecer a arte dele! Parabens pelo texto!
Bjos, Gorda
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