16.7.06

Graça Cunha – Casa das Rosas – 15/07/06

Na sala de casa

Quando cheguei à Casa das Rosas pensei estar bem adiantado – afinal, a apresentação estava marcada para 20h30 e ainda eram 19h49. Qual não foi minha surpresa ao descobrir que ela havia sido adiantada em meia hora sem qualquer aviso prévio. Apesar disso, ainda consegui sentar em uma das 30 cadeiras dispostas em frente ao palco, no hall de entrada.

O ambiente era intimista, e o friozinho ajudava a ampliar a impressão de que estávamos na sala de casa. Tanto é que, quando as cadeiras ficaram lotadas, as pessoas se acomodaram mesmo nas escadas, chão e embaixo das portas de acesso.

Sem cerimônia nenhuma o violonista Dino Barione e o tecladista Odair Júnior entraram em palco para regular seus instrumentos. Ajeitaram e por ali ficaram. Quando ia ser anunciada Graça Cunha, uma surpresa. Fez-se ouvir da sala ao lado uma voz estridente, e uma mulher de blusa rosa-choque e preto subiu ao palco, contando piadas e interagindo com o público. Aqueles que, como eu, não conheciam Graça Cunha ao vivo, ficaram atônitos sem saber se aquela era mesmo a cantora; mas logo desfez-se o mistério: era Daniela Justi, uma atriz que interpretara ali uma personagem sua chamada Misskáte. Depois de explicado o caso, Daniela apresentou Graça Cunha que, surpreendentemente, estava no meio do público.

Com voz quente e ligeiramente rouca – aquela rouquidão típica de MPB – a cantora, que faz parte do coral do programa Altas Horas, só fez aumentar aquele clima de audição para amigos íntimos na sala de estar. Ao menos duas vezes por música descobria um amigo seu na platéia: “a gente vai descobrindo aos poucos”. Isso quando não parou no meio de uma música diante a surpresa: “ela veio de Santos para me ver!”. Nada que estivesse ali fora do contexto, já que o clima era o de uma apresentação para amigos.

Graça Cunha estava extasiada. Dizia sem parar o quanto era bom estar naquele lugar com aquela energia, e como gostaria de cantar lá todos os dias. Sua voz forte por vezes dispensava o microfone, e o repertório MPB light se encaixava perfeitamente em seu perfil. Apesar de um pouco anasalado, seu cantar entoava as pessoas lá presentes, que se deixavam estar no ritmo leve das músicas. E Graça também; parecia que chorava nas canções tristes e se apaixonava nas de amor.

Seria, porém, injusto falar que a apresentação foi de uma cantora; foi, na verdade, de um trio. Os músicos que a acompanhavam souberam fazer bases bem elaboradas e simples na hora da voz e seus solos soaram equilibrados e belos. Arranjos precisos e diretos, que mostraram, sem nenhum preciosismo ou exibicionismo, a qualidade de todos os presentes no palco.

Nota – 8

Custos –
Nada (fui e voltei a pé)

Set List –

1.Saudade e Solidão – 2.Só tinha de ser com você – 3.Bahia das graças – 4.Eu e a brisa – 5.De janeiro a janeiro – 6.Estrada do sol – 7.Aquele um – 8.Promessas – 9.Ele e Ela – 10.De Frente – 11.Divisão – 12.1,2 e...

(Clique nas fotos para vê-las ampliadas. Todas as imagens desta matéria são propriedade exclusiva do Arte Free)

Um comentário:

Anônimo disse...

Luciano vc é um cara atento ! Parabéns pelo seu trabalho e por falar dessa cantora que é simples, amiga dos amigos e continua na caminhada da mesma forma que iniciou, quando escolheu cantar e não seguir com o de grupo de teatro Os Menestréis do Deto Montenegro, cantar em bares de Sampa. É conhecida como a maior cantora de jingles do Brasil.
Abraços !