O holofote procura a estrela e não acha. As cortinas do palco do Sesi estão abertas, a luz está apagada, os músicos estão em cena. Tudo está lá, menos a cantora. De um lado para o outro, o foco de luz procura doidamente achar seu objeto de desejo. Quando entra Patrícia Marx, ele ainda está em sua obstinada busca. Muito educadamente, ela espera a luz do holofote ir pegá-la e a conduzir suavemente até o microfone.
De turbante verde, um banquinho e um incenso atrelado ao pedestal do microfone, Patrícia se aconchega sem grandes problemas e começa a cantar Billie Holiday. Assim como ela, a banda de jazz que a acompanha também se sente à vontade. Tocam sem problemas e com uma sincronia de fazer inveja.
O show foi melhorando aos poucos, e teve como ponto de subida tangencial a mudança de repertório de Billie Holliday para Elisete Cardoso. Tirou o turbante, o rosto dos músicos mudou e ela saiu da frente do pedestal para ganhar o palco e o público. Sua voz, antes tímida, cresceu. A cada música melhorava, e o público ia crescendo com a banda.
Sua voz tem um tom intimista, que varia de estilo drasticamente: vai desde o rouco de João Gilberto até o alto e estridente de Elis. Ouví-la é igual a ouvir uma mãe cantando para o filho dormir. A voz é bela e aconchegante, e, por mais que por hora e meia pareça falhar (só pareça), não perde sua doçura.
A Show-girl Patrícia Marx tem voz de quem estudou em conservatório por muitos anos. Alta qualidade técnica; talvez muito estudada para as canções de jazz americano, que exigem um pouco mais de rouquidão e improviso, mas realmente boas para as brasileiras.
Apesar de desinibida e imagética durante as músicas, Patrícia se mostrou envergonhada ao conversar com a platéia, o que deu uma mistura interessante. Enquanto falava, mantinha os olhos fixos no chão e dizia pequeno, como um passarinho.
Curta, a apresentação acabou com apenas 55min, além de duas músicas de bis. Saíram de palco, e o que se ouviu então foram gritos de entusiasmo vindos do camarim. Comemoravam a bela apresentação.
Pouco tempo depois fui ao primeiro subsolo conversar com a cantora, que chegou feliz da vida comendo um bombom de chocolate. Patrícia me revelou que as duas cantoras homenageadas da noite, Billie Holiday e Elisete Cardoso, além de inspiração para si, serviram de material para o projeto de pesquisa que realizou por dois anos na Inglaterra. O resultado desta pesquisa foi o trabalho com composições próprias da cantora, concretizado em cds lançados no Brasil.
Custos – nada (fui a pé)
Nota – 8,0
Banda –
Patrícia Marx – voz
Giba Estebez – piano
Fábio Sá – contrabaixo
Richard Montano – bateria
Faba Jimenez – violão
Set List – EM BREVE
Nenhum comentário:
Postar um comentário