17.7.06

Sesi Jazz & Blues (Fernando Noronha & Black Soul) – Sesi – 16/07/06

A apoteose do Blues

Às cinco horas da tarde o Sesi já estava cheio de gente. Mas não era para assistir ao show de Fernando Noronha & Black Soul às 18h00, mas sim esperar o show de Tom Zé, que seria às 21h00. Como tive de escolher, arrisquei ir ao show de blues, já que não conhecia o artista em questão. Peguei meu bilhete sem nenhuma fila e pude esperar calmamente tomando um cafezinho. E não fui só eu que tomei essa decisão; 17h30 os ingressos para a primeira apresentação haviam se esgotado.

Como é de praxe no Festival Sesi Jazz & Blues, o show começou com pontualidade britânica. Enquanto as cortinas se abriam, um blues ardido começou a ser executado, e instantaneamente minhas dúvidas sobre se valeria a pena ter perdido Tom Zé para assistir Fernando Noronha se dissiparam. Valeria.

Uma música de qualidade altíssima, que misturava Eric Clapton e B.B.King com um pouco de Lenny Kravitz; um quase rock num formato de blues clássico. O trio formado por teclado, bateria e guitarra/voz preenchia o palco com música e, ao mesmo tempo, deixava os espaços visualmente vazios: eram três num palco enorme. O que se encaixa perfeitamente com a ideologia do blues, de alma vazia e solidão.

Habituado a cantar em inglês, o show-man de Porto Alegre por vezes se atrapalhava ao agradecer ao público: “Thank you! Valeu!”, mas isso não tem a menor importância, mesmo porque a impressão é a de que estávamos diante de algum dos grandes guitarristas de nossos discos mais queridos, de igual qualidade musical.

Os três músicos em palco soavam como uma big band inteira, e os solos de Fernando Noronha eram completos: frases bem trabalhadas, emoções contempladas junto à guitarra (é daqueles músicos que fazem do instrumento continuação do corpo), solos que por vezes eram rápidos – sem descambar para o virtuosismo desnecessário -, por vezes se resumiam a duas ou três notas repetidas muitas vezes.

Na hora da música Changes, uma das últimas, sua guitarra deu problema. Rapidamente trocou a Stratocaster por uma Telecaster (ambas marcas de guitarras Fender). Mostrando habilidade, enquanto manobrava a guitarra com a mão esquerda, fazia gestos para a equipe de som com a mão direita pedindo que aumentassem no retorno o som do teclado.

Depois do show de 1h e pouco (todos os shows do festival têm essa duração), o músico foi à frente da entrada do teatro autografar cds e conversar com o público. Olhares femininos, pouco discretos, e olhares masculinos, admirados, cercavam o guitarrista, que ficou um bom tempo dando atenção a quem interessar pudesse. Conversando com ele, perguntei se não estaria faltando alguém na banda, já que o folheto do festival dizia que haveria quatro músicos em palco. “Está sim, o baixista ficou doente e não pode vir”. Imagine se tivesse vindo.

Custos –
Transporte – Voltei a pé
Café – R$ 1,00
Total – R$ 1,00

Nota – 9,5

Set List:
1.Loving Man – 2.Ain´t no Angel – 3.Pay Back – 4.White Trash – 5.10.000 – 6.Driftin – 7.The Hound – 8.Bring It – 9.Changes – 10.Hipshake

Banda – Fernando Noronha (guitarra e voz), Luciano Leães (piano e Hammond B3) e Ronie Martinez (bateria)
(Clique nas fotos para vê-las ampliadas. Todas as imagens desta matéria são propriedade exclusiva do Arte Free)

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