Desde que o samba é samba (Teatro)
“A tristeza é senhora, desde que o samba é samba é assim...”. A peça de teatro “desde que o samba é samba” entra no roteiro do Arte Free mostrando que o samba não tem preço. O espetáculo começa às 20:30, porém chego às 19:15 no Teatro Laboratório - Sala Alfredo Mesquita - da Escola de Comunicação e Artes (ECA-USP), no Butantã. É necessário retirar o ingresso com uma hora de antecedência. Ainda na fila, é possível entrar em contato com o espetáculo, pois um varal com fotografias penduradas está exposto no saguão. A sala é aberta pontualmente às 20:30 e, enquanto o público se acomoda num dos 125 lugares - e ainda nos degraus da platéia - numa lotação de 220 pessoas, observa-se o procênio iluminado e 17 atores vestidos de branco em pé no palco, que tem como cenário algumas panelas, pás, bacias e cadeiras arranjadas nas extremidades laterais.
Escrita e dirigida por Isabel Setti e estrelada pela turma do 3º ano da EAD (Escola de Artes Dramáticas da Universidade de São Paulo), a peça tem início com o som de vozes misturadas e sobrepostas vindas das caixas de som. Tem início a montagem, constituída por cenas independentes encadeadas por músicas, entre elas: “Cio da Terra”, “Aquarela do Brasil” e “Abre Alas”.
É possível ouvir samba em cada uma das cenas imagéticas que respeitam a livre interpretação do público. Sem diálogos lineares, palavras soltas desenham no ar a realidade humilde de uma personagem: “como em pé, durmo em pé”, enquanto figuram a de outra: “espingarda, batom vermelho, facão”. “Eu vejo criança morrendo criança”, exclama uma personagem interrompendo o verso de Ary Barroso “e não se entrega não” da música “Isto Aqui, O Que é”, “eu vejo gente morando em cima de gente”, continua.
Se desde que o samba é samba é assim, o corpo se faz instrumento com batuques no ventre e no peito, o acender do cigarro com a tosse e o guarda-chuva abrindo, fazendo dos movimentos sons complementares, a caixinha de fósforos e a moeda caindo com o barulho do passo curto, do passo largo, a colher que raspa a panela e a máquina de escrever, o bater de mãos e o abrir a lata fazem samba; e o fazem de graça, em seu “grande poder transformador” como no último verso de Caetano Veloso em sua música “Desde que o samba é samba”, entoado como despedida para o público que deixa a sala consciente de que sua brasilidade é permissão para ouvir samba em cada gesto simples do cotidiano.
Direção:
Isabel Setti
Custos:
Trem na ida - 2,10
Carona na volta - 0,00
1 cafezinho - 0,50
Total – 2,60
Nota da peça: 10
2 comentários:
Carolina, parabéns, o seu texto está ótimo
bem vinda ao time
Luciano
Lindo o texto, cá!! adoreii!!!
vc é mto fofa escrevendo... "A peça de teatro “desde que o samba é samba” entra no roteiro do Arte Free mostrando que o samba não tem preço. "
heheeh..
linda!
Beijos... já com saudade!
Bi
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