Jobim Instrumental (Show)
Para todos os fãs de Antonio Carlos Jobim, vos apresento Jobim Instrumental. O problema - que não é exatamente um problema - é que não se ouve Garota de Ipanema, Só danço Samba, Ela é Carioca ou Águas de Março. O repertório é totalmente pesquisado. E inusitado.
O projeto, de Mario Afonso III, exímio multi-instrumentista (de sopro), nasceu a partir de uma pesquisa sobre o compositor. E a banda, que é o resultado disso, toca músicas muito raras, quase que desconhecidas. Nenhuma canção tem letra, apenas harmonias que soam em um intervalo, que se estende desde a mais doce melodia, e vai até as dissonantes jazzísticas que Jobim tanto buscava e alcançava. Cheguei meio em cima da hora na Chopperia do Sesc Pompéia, pois peguei muito trânsito no corredor da Teodoro Sampaio. Tinha apenas dez minutos para pegar algo para beber e sentar-me em alguma das mesas do espaço, muito aconchegante.
Um problema, é que as mesas são dispostas de maneira que os espectadores ficam de lado para o palco, o que prejudica a apreciação do espetáculo. Mas isso não é muito levado em consideração quando se tem uma equalização perfeita e instrumentistas de primeira. O show começou pontualmente (com 10 minutos de atraso, o que é perfeitamente aceitável).
Mário Afonso III, bandleader, apresentava o tecladista, o baixista e o batereista a cada 5 músicas, pois, uma vez que o espaço é aberto, a circulação de gente era constante. Foram cerca de duas horas de show, e a platéia aplaudia intensamente a cada pausa. Uma ressalva para o excesso de solos de bateria, muito longos. A bateria, por não ser um instrumento harmônico nem melódico - e sim percussivo - não merece ter tanto tempo de solo, ou não depois de outros três solos enormes de outros instrumentos. Perfeito para quem gosta de virtuoses.
Embora eu ache sinceramente que deveria haver um solo de instrumento em cada música, e não quatro, o show foi muito gostoso e o ambiente contribuiu muito. Mário quase não falou, e quando foi explicar o porque do grupo, a platéia viu uma das maiores gafes musicais que pode assolar um show. Esquecera seu celular ligado. Mas nada que uma piadinha não resova.
Quanto à banda em si, interação à flor da pele. Sabiam se comunicar muito bem e constantemente podia se ouvir um instrumento respondendo o outro e fazendo graça. O repertório enorme, que rendeu boas duas horas de apresentação, é da época em que Jobim tocou com mestres como Hermeto Pasqual, Ron Carter, Airto Moreira e Humbert Laws; mesma época em que registrou sua criatividade e inventividade nos discos Wave, Tide, Stone Flower, Matita Pere, Urubu e Terra Brasilis; raros e belos.
Na realidade, a banda é um quinteto, mas tocou sem o percussionista. Destaque para o próprio Mário, e o baixista, que mandaram muito bem. Dentre as músicas, os melhores arranjos foram Diálogo, Remember e Nuvens Douradas.
Jobim Instrumental no Sesc foi:
Mário Afonso III (Flauta transversal, Sax alto e baixo, Clarinete, Bandleader e Deixador oficial de celular ligado)
Sergio Gomes (Bateria)
Guilherme Ribeiro (Teclado)
Rui Barossi (Baixo elétrico)
Repertório:
1- THE RED BLOUSE
2- OLHA PRO CEU
3- BATIDINHA
4- MOJAVE
5- DIALOGO
6- ANTIGUA
7- CAP. BACARDI
8- TEMA JAZZ
9- SUE ANN
10- REMEMBER
11- TAKATANGA
12- CARIBE
13- ROCKNALIA
14- TERESA MY LOVE
15- STONE FLOWER
16- AMPARO
17- ANDORINHA
18- DEUS E O DIABO NA TERRA DO SOL
19- TREM P/CODISBURGO
20- RANCHO DAS NUVENS
21- NUVENS DOURADAS
22- MARINA DEL REY
Débito:
2 para ir + 2 para voltar = 4
2,20 para beber uma coca-cola = caro, neh? (não gosto de cafezinho)
Jobim de graça = não tem preço
Quesito show: nota 8
--Fotos em Breve--
6 comentários:
gu, tua matéria tá animal, parceiro! vc tb aprendeu direitinho!
adorei os comentários sobre solos, mesmo nao concordando com alguns deles! mas é isso aí, esse é o espírito!
abração irmão
poe as fotos!!!
Não fui ao show, mas acabo de visualizá-lo. Obrigado pela bela descrição, Gu. Grande abraço.
Mal o blog nasceu e já está enorme - no sentido figurativo da palavra.
Preciso, além de ler, ir atrás das indicações dos links aqui ao lado direito da página. Deve ser mais interessante ler a respeito daquilo que se viu ao vivo, não?
Parabéns pelo blog...!
Nossa.. já pode ser jornalista, Gu! (ou músico!)
Bela matéria..
Muito útil o Blog! adorei..!
dá pra ver q é feito com carinho e os textos são bem sinceros e agradáveis.
Parabéns, meninos e meninas!
Beijos Beijos!
Bi
Oi,
Na verdade, não tenho um comentário. Moro em Salvador,e não pude ver o show. Fiquei só na vontade. Sou flautista e gostaria de saber é possível o e-mailde contato com Mário Afonso.
Um abraço,
Rita.
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