Domingães do Guimarães
Domingo à tarde e dois museus cheios, até com fila na porta. Parece que os paulistanos resolveram mudar aquela idéia de que domingo é sinônimo de tédio e programa do Faustão, e resolveram ir atrás de cultura e arte oferecidas de graça no recém inaugurado Museu da Língua Portuguesa e na Pinacoteca do Estado.
A intenção inicial era visitar ambos, mas acabei me demorando no primeiro, de modo que não sobrou tempo para ver as exposições de fotografia e arte brasileira em cartaz na pinacoteca.
Mas não me arrependo. O museu da língua é muitíssimo bem pensado e montado, as exposições são ótimas - nem sei se podem ser classificadas dessa forma, tamanha é a interação com o público, que por sinal é bem variado: muitas crianças, famílias, casais e jovens.
O primeiro andar é dedicado exclusivamente a João Guimarães Rosa, autor do clássico Grande Sertão: Veredas. A exposição é montada para dar a impressão de ser uma construção: ao puxar uma corda desce do teto uma página da obra-prima de Rosa, presa por contra-presos de sacos de "terra do sertão"; há tijolos e entulhos de construção onde estão escritos trechos do Grande Sertão, basta observá-los do ângulo correto; além de baldes com água onde no fundo, ao olhar através de espelhos, vê-se trechos da obra também. A montagem exposição pode ser interpretada como uma alusão ao estilo roseano de construir palavras, através de seus criativos neologismos como: amormeuzinho (meu amorzinho), entre outras diversas interpretações pessoais que surgem a cada visitante. Isso que é o mais interessante, a exposição abre espaço para diferentes modos de pensar e entendê-la, pois nas palavras do próprio Guimarães "O sertão é dentro de nós".
Ao subir para o próximo andar no elevador ao som de Arnaldo Antunes, fica o encantamento de poder entrar no mundo do Grande Sertão e de Guimarães através da exposição, e para quem foi e ainda não leu, com certeza, fica a vontade de ler.
O segundo andar abriga uma tela de 106 metros extensão onde são projetados filmes gravados especialmente para o museu, que falam do uso de diversas palavras e expressões do nosso cotidiano. Além disso, ainda há computadores onde se pode pesquisar a origem das palavras e uma linha do tempo que explica o surgimento da língua portuguesa, desde séculos antes de Cristo até os dias de hoje, ressaltando sua importância na cultura e na formação da nossa identidade.
Uma curiosidade é ver um tênis all-star em exposição num museu. Ele, como vários outros objetos, são colocado em exposição ao lado de pequenos textos, que explicam a influência de línguas estrangeiras no português e na cultura brasileira. No caso do all-star, falava-se da influência da língua inglesa.
No terceiro andar fica um auditório onde acontecem atividades até as 17 horas, mas já estava fechado na hora que subi.
Desci ao térreo já pensando na próxima visita a fazer ao museu da língua, já que é necessário muito mais tempo ou mais visitas para poder ver e entender todo o conteúdo que nos é oferecido lá, não só sobre a língua que falamos, mas sobre a nossa própria cultura e identidade.
Custos: 2,10 de metrô para ir+2,00 para voltar.
3 comentários:
Muito boa a idéia do blog de vocês, to entrando aqui direto, gostei msm!!! E realmenteo MLP é uma excelete idéia de programa!!! Pena que, assim como você, também perdi as atividades do auditório, hehehehe... fica pra próxima!!! Bjs e abraços!
Helo, animal! inveja de vc, pq eu to louco pra ir nesse museu faz tempo... mas vou, com essa matéria eu vou!!!
beijos
Eloqüente essa menina não?
taí... gostei.. como eh o nome dela mesmo?
Helô....Louzada neh?
essa tem futuro...
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