Quarto adentro
Um senhor de noventa e um anos entra no palco como se entrasse em seu quarto, sozinho. Como se estivesse quarto adentro, sozinho, afina o violão com calma e começa a cantar um antigo blues.
O som sujo e rasgado de seu violão folk invade os ouvidos do público que lotou o teatro do Sesi. Com uma simplicidade incrível, David Honeyboy Edwards ia tocando sozinho como se sozinho estivesse, sem preocupações terceiras, sem hora para dormir, sem produtores de música para agradar. Tocava para si, e isso agradava a todos.
Gritos caubóis vindos da platéia davam uma pequena dimensão da alegria do público. Não demorou para que percebessem que aquele show era uma oportunidade única. Era o blues, encarnado num simpático velhinho. Um som tirado das duas palhetas de mão e uma voz anasalada e rouca soava mais como um lamento de um prisioneiro do que propriamente uma canção. Era o blues.
Ouvir David Honeyboy Edwards e outros de sua geração é entender um pouco da música de hoje. É entender o rock, o soul, o jazz, o pop e tantos outros estilos. Foi nestas mal-traçadas cordas, e mal-traçados instrumentos de outros tão bons ou melhores que ele, que nasceu praticamente tudo que temos hoje na música popular mundial.
Depois de umas quatro canções, Honeyboy, que, como já disse, parecia estar sozinho em seu quarto tocando livremente, recebeu visita. Um gaitista de cabelos brancos abriu a porta e pediu licença. Sentou e começou a conversar com Honeyboy. Em música, é claro.
Honeyboy trocou então o violão pela guitarra, e o mesmo som sujo de um instrumento se pode ouvir em outro. Foi a apoteose do público, que não acreditava no que via e ouvia. Músicas simples, do jeito que eram na juventude do músico, em meados dos anos 40.
Ao meu lado, na primeira fileira, um expectador chorava. Ouvia-se por toda parte comentários feitos em baixa e em alta voz sobre seus solos, seus cantos, sua presença.
E foi realmente um momento raro, desses que a gente não acha que pode acontecer por aqui. Aconteceu. De graça.
Depois do espetáculo, Honeyboy atendeu ao público no subsolo do teatro e distribuiu autógrafos. O músico Theo Werneck, que tocou neste festival dia 14, estava lá; é fã de carteirinha. Estava lá, tirou foto, conversou com o músico e saiu com um sorriso de orelha a orelha. Não era para menos.
Custos – nada (voltei a pé)
Nota – 10
Banda –
David Honeyboy Edwards – voz, violão e guitarra
Ivan Márcio – gaita
Um senhor de noventa e um anos entra no palco como se entrasse em seu quarto, sozinho. Como se estivesse quarto adentro, sozinho, afina o violão com calma e começa a cantar um antigo blues.
O som sujo e rasgado de seu violão folk invade os ouvidos do público que lotou o teatro do Sesi. Com uma simplicidade incrível, David Honeyboy Edwards ia tocando sozinho como se sozinho estivesse, sem preocupações terceiras, sem hora para dormir, sem produtores de música para agradar. Tocava para si, e isso agradava a todos.
Gritos caubóis vindos da platéia davam uma pequena dimensão da alegria do público. Não demorou para que percebessem que aquele show era uma oportunidade única. Era o blues, encarnado num simpático velhinho. Um som tirado das duas palhetas de mão e uma voz anasalada e rouca soava mais como um lamento de um prisioneiro do que propriamente uma canção. Era o blues.
Ouvir David Honeyboy Edwards e outros de sua geração é entender um pouco da música de hoje. É entender o rock, o soul, o jazz, o pop e tantos outros estilos. Foi nestas mal-traçadas cordas, e mal-traçados instrumentos de outros tão bons ou melhores que ele, que nasceu praticamente tudo que temos hoje na música popular mundial.
Depois de umas quatro canções, Honeyboy, que, como já disse, parecia estar sozinho em seu quarto tocando livremente, recebeu visita. Um gaitista de cabelos brancos abriu a porta e pediu licença. Sentou e começou a conversar com Honeyboy. Em música, é claro.
Honeyboy trocou então o violão pela guitarra, e o mesmo som sujo de um instrumento se pode ouvir em outro. Foi a apoteose do público, que não acreditava no que via e ouvia. Músicas simples, do jeito que eram na juventude do músico, em meados dos anos 40.
Ao meu lado, na primeira fileira, um expectador chorava. Ouvia-se por toda parte comentários feitos em baixa e em alta voz sobre seus solos, seus cantos, sua presença.
E foi realmente um momento raro, desses que a gente não acha que pode acontecer por aqui. Aconteceu. De graça.
Depois do espetáculo, Honeyboy atendeu ao público no subsolo do teatro e distribuiu autógrafos. O músico Theo Werneck, que tocou neste festival dia 14, estava lá; é fã de carteirinha. Estava lá, tirou foto, conversou com o músico e saiu com um sorriso de orelha a orelha. Não era para menos.
Custos – nada (voltei a pé)
Nota – 10
Banda –
David Honeyboy Edwards – voz, violão e guitarra
Ivan Márcio – gaita
(Imagens feitas pela fotógrafa Flávia Salvador especialmente para o ARTE FREE)
Um comentário:
Tenho CDs e DVDs de Buddy Guy, Charles Parker e são realmente inacreditáveis de se ver e ouvir. Estou atrás do DVD e/ou CD do David Honeyboy.
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