Para Pensar São Paulo (Exposição)
Ir ao Sesc Pompéia é praticamente sinônimo de encontrar boas exposições e oficinas culturais em um ambiente bacana e descontraído. Depois de ir me inscrever em duas oficinas e comer no restaurante com preço de bandejão (apelido para o restaurante universitário da USP onde se come muito a R$ 1,90), fui conferir a exposição Tripé Urbano que reúne as impressões de três jovens artistas sobre a cidade de São Paulo.
O primeiro, Bruno Faria, faz um trabalho interessante com folhetos e catálogos imobiliários em forma de instalação, remontando a bairros centrais da cidade, como Perdizes ou Pinheiros. O artista recorta as fotografias de prédios e as coloca na vertical, deixando-as coladas aos folhetos apenas pela base. Os folhetos são colocados uns sobre os outros em uma prateleira, formando uma espécie de relevo da cidade com seus inúmeros edifícios, levando quem observa a pensar sobre a forma como foi ocupado o espaço urbano, além das possíveis formas de reordenar essa paisagem de concreto (ou folhas de papel) de uma maneira melhor.
A segunda artista, Flavia Mielnik mostra o seu olhar diante das transformações da cidade através de fotos de casas demolidas. Sobre fotos de paredes descascadas com azulejos quebrados ou casas abandonadas a artista coloca uma placa de acrílico com desenhos do que esses lugares poderiam ter sido antes de passarem “por esse processo de transformação e terem suas histórias tomadas”, nas palavras da própria Flávia. A artista faz um papel talvez de “arqueóloga” que tenta resgatar a rotina de um ambiente através de vestígios sutis sobreviventes às transformações que ocorrem na metrópole diariamente.
Rita Meirelles nos mostra a rotina de São Paulo como recortes de paisagens através de cercas, grades ou retrovisores. A técnica é simples, tira-se a foto e depois é só recortar o contorno da cerca, com a paisagem bem definida ao fundo. Mas ao contrário do que se possa pensar, apesar de simples, o resultado é bem criativo; me fez lembrar uma poesia do Teatro Mágico “retrovisor nos mostra tudo ao contrário: letras, lados, lestes (...) nos mostra o que ficou, o que partiu e muitas vezes ninguém viu”.
A reflexão, ao final da exposição, pertence cada pessoa que vive em São Paulo: qual é o papel de cada um nessa realidade em constante transformação e qual a nossa responsabilidade pelo caos do nosso cotidiano na cidade? A exposição é válida por essas e muitas outras questões que coloca de forma muito criativa a quem a observa.
E nenhum ambiente melhor para se pensar essas questões do que na volta para casa, trajeto feito dentro de três ônibus, em um percurso que de carro não levaria nem meia-hora.
Nota: 9
Custos: 2 reais de ônibus ida e volta + 3,70 num almoço bem servido no restaurante do Sesc. Total: 5,70.
5 comentários:
outra matéria animal... parabéns!!!
É... verdade.... horas de onibus para circular sempre em vota da onde se que chegar, mas nunca conseguindo alcançar. O tempo em São Paulo é o maior de nossos inimigos cotidianamente, mas, mesmo assim, é o que mais se gasta mesmo não o tendo-o para fazer isso. Enfim, como desabafo pessoal, e sei que de muitos, 4 horas para ir e voltar do lugar de suas convivências e necessidades não é muito legal. Infelizmente acaba-se acostumando. O quanto da vida não se perde para ter de viver outra parte? Enfim again. Reflexões.
Saudações... encontrei esse blogger meio que sem querer, mas gostaria de elogia-los pois é uma proposta bacana mostrar o que a cidade tem de melhor a oferecer,
essa "teoria" já vivencio a uns 4 anos e sempre tem algo novo e bom p fazer.
Só uma pequena contribuição p esta semana!
1º Festival de Cinema Latino Americano (ótimo)
http://www.festlatinosp.com.br/?altura=600&largura=800
Sesi Jazz e Blues
http://www.sesisp.org.br/home/2006/centrocultural/SesiJAZZ.asp
Sem mais
Obrigada e bom fim de semana!
Muito obrigado!
O Sesi Jazz e Blues está na nossa Agenda (link no começo da página).
Quanto ao Festival de Cinema Latino Americano, ficaremos de olho e vamos por na Agenda também!
oi! achei seu blog por acaso qd procurava fotos da exposição... se vc tiver, por favor, publique! fiquei fascinada pelo trabalho de flavia mielnik!!!
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